• Nie Znaleziono Wyników

Água Vai : revista portuguesa de cultura. No 5 (2014) - Biblioteka UMCS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Água Vai : revista portuguesa de cultura. No 5 (2014) - Biblioteka UMCS"

Copied!
17
0
0

Pełen tekst

(1)

rtuguesa d

(2)

C0MÕE5

INSTITUTO . DA COOPERAÇÃO E DA LÍNGUA

PORTUGAL

* * *

* # UMCS

UNIWERSYTET MARIICURIE-SKŁODOWSKIEJ W LUBLINIE

MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

«Ma

K \ *

jjj4 4-<■ — Xr

Índice

. É hoje... - Conto de Ewa Szafrańska

. As mulheres no mundo dos videojogos - Magdalena Jóźwik . Não compreendo! - Małgorzata Tracz

. Os livros de Ryszard Kapuściński - Weronika Ślęzak . Atividades do Centro de Língua Portuguesa/Camões no ano letivo 2013/2014

. 3° Congresso dos Estudantes Lusitanistas da Polónia:

Unidade e Diversidade no Mundo Lusófono - Anna Tylec e Katarzyna Janowska - Bartosz Suchecki

- Grzegorz Kobędza - Magdalena Góralska - Michał Belina

Redação:

Justyna Wiśniewska Lino Matos

Diretor artístico:

Jorge Branco

Editado pelo Centro de Língua Portuguesa/

Camões em Lublin Diretora do Centro:

Professora doutora Barbara Hlibowicka-Węglarz

(3)

É HOJE...

Ewa Szafrańska ano de Estudos Portugueses UMCS, Lublin

Tudo começouda maneira simples. Àsvezes, quando estou na minha cama, tentando adormecer, quando olho para a lua misteriosa e brilhante, aminha primeira e única confessora, aúltimaacondenar ejulgar achomesmo que foi simplesdemais... Naquelesmomentoscurtos e fugiti­ vos da minha extremafraqueza,quando a lucidez da minha mente se recusa a obedecer-me, quando aminhaconsciên­ cia irrompeda nulidade em que normalmenteestáimer­

sa, nesses momentos não posso suportaratrivialidadee ainconsciência dessa pequena decisão queme privou de todaainocência e de todas as ilusões da juventude ingé­ nua. Lembro-memuito bem desses momentos daminha adolescência, quando as minhas pequenas dores e asmi­ nhas lutas diárias sem importância deixavam-me louca.

Quando a menor dúvida parecia serofim trágico do meu mundo limitado. Ó, comome parece hojeestúpido,patético e idiotaesse pensamento superficiale precipitado.

Quandoestava quasea terminaros meus estudosna escolasecundária, quando eu ia ser umapessoa livre, um jovem capaz de decidir sobre a sua própriavida, sem “o fazer enão fazer”, estava preocupadoque tinha 18anos e não consegui nada na minha vida,não tinha nada que pu­

desseser verdadeiramente “meu”.E, quando esperava fi­

nalmente encontraruma paz de espírito, perdi-o... Onome da minhaperdiçãoéBaudelaire. Sempre que fecho osmeus olhos,eu posso ver essas palavras que tinha visto pela pri­ meira vez nas aulas, nas cópias dadas pelo professor, com vivacidade surpreendente, como se tivessem sido esculpi­ dasnasminhas pálpebras:

É preciso estar sempreembriagado. Aí está: eis a única questão. ParanãosentiremofardohorríveldoTempoque verga e inclina para a terra, é precisoque se embriaguem sem descanso.Com quê? Com vinho, poesiaouvirtude, a escolher.Masembriaguem-se.

Como eu poderiadizer “não”à resposta parao meu tormento interior que me foi dada numa bandejade pra­

ta? Como poderia resistir à escolha tão generosa que me foi oferecida? Pela primeira vezna minha vida eusentique a decisão pertencia inteiramente a mim, era o mestre do reino escuro, o soberano desta entidade estranha, demim mesmo...Mas,novamente,oqueeupoderiaescolher? O que deveria escolher? Onde estava a resposta? Onde estavao consolo e confortopara a minha almamartirizada?

Poesia? Eu odiava poemas ainda maisdo que romances.

Odiavaas mensagensocultas, as verdadesnãocontadas, as metáforas que ninguém pediu e que pareciamsercriações de algumas criaturas mentalmente perturbadas que esse mundo deuà luz como resultado de alguma anomaliain­ compreensível.Não, a soluçãonãopodia ser poesia.

Virtude? Não estava a minha vida jácheia dela?Será que eu não fazia o suficiente para os outros?Tinha obedeci­

do a todas as regrasque foram criadasdesdeonascimento

É HOJE...

da humanidade, amei o meu próximocomoamimmesmo e onde estavaeu? Não, virtudeseramparaos perdedores, e eu, pelaprimeiraveznaminhavida,queriaser umvence­ dor, liderar a pelotão,ser camisola amarela.

E então vieram longos anos de esquecimento doce, da inconsciência com sabor de uvas fermentadas. Eu per­

di tudo, até mesmo coisas que eu nunca tive, sendo num relacionamentocom um pedaçodo vidro verde.Depois de algum tempo comecei a acordar dessa dança sonambúlica.

Eu entendi que o preço que eu pagava pela calma ilusória era demasiadoelevado. Era hora de uma novanegaçãoexis­ tencial,um novociclode questões sem respostas. Em vezde camisolaamarela, usavauma camisa suada.

Acha que não hánenhuma esperança paramim?Que estou eternamente perdido e condenado, que nãohá futu­

ro paraum serhumano da minhaespécie?Deixe-medizer uma coisa.Gostaria de sabê-lo naquela época da minha ju­ ventude perdida. O Baudelaire não conhecia todas as res­ postas, ele não era um profeta, não tinha o monopólio da verdade. Anselmo tem.Um músico bem sucedido graças a Deus. Éhojeque estou no caminho certo, quero come­ çara minha recuperação, emergir da nulidade.Seique com ele, com a suaorientação,oescuro parecerá claro,oincerto tornar-se-ácerto e a camisa suada,umdia, transformar-se-á numa amarela.

AS MULHERES NO MUNDO DOS VIDEOJOGOS

Magdalena Jóźwik ano de mestrado em Estudos Portugueses UMCS, Lublin

Quandocomeçoa falar sobre uma dasminhas paixões, osvideojogos, a reaçãomais comum é um sorrisocondes­ cendente e sempre amesma pergunta:não são osjogosum coisa para crianças? Aminha respostaé: não. A indústria dosvideojogosé umadas que tem o desenvolvimento mais rápido noentretenimento, com uma comunidade de joga­ dores que estáa crescertodosos dias. Uma dasrazões des­ te aumento é a popularidade dos canais de jogadores no YouTube, onde as pessoas carregam os guias, as dicas ou simplesmente os vídeos divertidos feitos em jogos (muitas vezes mostrando as falhas do jogador ou outras maneiras de jogar). Porcausa disso, hámuitas pessoas para as quais jogar e gravar osvídeos é umtrabalho.

A popularidadedessestipos decanaisnoYouTube po­

de-se ver nos números: na lista dos dez canais com mais subscrições em abril de 2014há três canais dedicados aos videojogos, e o canal como maior número de subscrições em todo o Youtube é ocanalde PewDiePie,o jogadorsueco, com26424196 subscrições.Nacomunidade dos jogadores não importa aidade, a nacionalidade ou a plataformaem quese joga:seja o computador, a consola ou simplesmente o telemóvel. É fácil ser um jogador. Mas, é fácil ser uma mulhernacomunidadedevideojogos?

Os videojogos ainda são considerados uma coisa para oshomens, porissomuitas vezes tenho problemas diz Ula (23),estudante deBialystok e minha amiga.Foi ela que me introduziu nos videojogosháquase quatro anos.Comecei a jogar há maisde17anos, quando tinha cinco anos e com osmeusirmãosrecebemosumcomputador no Natal. Estou orgulhosada minha coleção de jogos, omeu conhecimen­

to deles e a minha experiência, mas até hoje, quando, por exemplo,uso a páginade troca de videojogos, tenho de es­

crever comosefosseum homem, porquequando osoutros conhecem omeu sexo, nãome levam a sério.

Aversão, ódio,atéahostilidade aberta e as piadas sexis­ tas de mau gosto são reações comuns à jogadoras da parte masculina da comunidade. É difícil definir a causadeste desprezo; talvezos jogadores achem queas mulheres des­ troema falsaexclusividadeda suapaixão?Omesmo acon­ tece no caso da BD, ficção científica ou fantástica: sendo mulher,é muito difícilseraceitepelorestoda comunidade.

Todas têm de repetidamente provar o seu conhecimento sobre a história,o mundo ou os personagens e lutarcontra o rótulo deimpostor quena realidade não é umfã verda­

deiro.

Acho que quase cada mulher já foi alguma veza vítima das piadasdosoutros jogadores. Porisso, nãocostumo usar o chat de voz quando estou no videojogo com as pessoas desconhecidas.Quase todas as vezes que eu disse algo, a únicacoisaque ouvi foi a pergunta porque não estás na cozinha? O que me levoua gritar aos outros e lutar com eles e não jogar continua Ula. Elessão fãs devideojogos; eu

3

(4)

AS MULHERES NO MUNDO DOS VIDEOJOGOS AS MULHERES NO MUNDO

DOS VIDEOJOGOS NÃO COMPREENDO!

também sou. E,comoeles, eu tenho o direito de apreciá-los eirrita-me muito que tantos jogadores consideremos video- jogos comoumaespécie de clubesó-para-homens.

Muitos jogadores dizem que podem justificar esta reação pelo choque de encontrar uma mulher que gosta de videojo- gos (para mim, nãoexisteNENHUMAjustificação possível paraosexismo,misoginia e adiscriminação das mulheres emqualquer lugar). Acham que o númerodas jogadoras, comparando com oshomens,é pequeno. Pelo contrário; se­ gundo um estudosobre o ano 2013 da Entertainment Sof­

twareAssociation (ESA: a associaçãocomercial da indústria dos videojogos nos Estados Unidos),48% dos jogadores e 50% dos compradores frequentes de videojogos são as mu­ lheres. O que é ainda maisinteressante, mulheres de18 ou mais anos representam um grupo significativamente maior dos jogadores do que os rapazes de 17ou menos anos (36%

e17%,respetivamente).

Então, é realmente razoável considerar os videojogos comoumacoisaprincipalmentepara os rapazes adolescen­ tes?

Outroproblemagrandenão só nos videojogos,mas em toda a indústria do entretenimento éa falta darepresenta­ ção das mulheres. Estefactopode-se verificar comos dados muito recentes. Durante todas as conferências da E3(Elec- tronic Entertainment Expo, uma feira internacional dedi­ cadaa jogos eletrónicos, considerada amaisimportante de todos oseventos deste tipo), Microsoft, EA, Ubisoft e Sony, os maiores produtores de videojogos no mundo, foram apresentadosmais de cem jogos; só três (excluindo aqueles que permitem a personalização de personagem) tinham a mulher como protagonista. As mulheres que aparecemnos jogos são geralmente estereotipadas, sexualizadas edesper­ sonalizadas;podemos dividi-las empelo menos duas cate­ gorias. Primeira, amais comum, éamulher que existesóno fundo,sem o objetivo aparente.Muitas vezes são as vítimas doscrimesdo antagonista no início da históriapara motivar oprotagonista a lutare vingar-se. Outrotipode persona­ gensque aparecem nos videojogos sãoaquelas com a apa­

rência que éum sonhodetodas as mulheres no mundo, com a roupa reveladora que cobre quase nada,mas muitas vezes considerada armadura. No entanto, é difícilchamar arma­ dura a algo queparecemais a roupa interior; especialmente quando o equivalente masculino da mesma armadura cobre todo ocorpo do personagem. Estaéa razão pelaqual eu gosto de Skyrim (TheElderScrolls V: Skyrim, 2011), diz a minhairmã,Basia (27).As mulheresque encontro nasvá­

rias localidades do mundo destevideojogosãotão impor­ tantes comooshomens, e as histórias delas sãoigualmente interessantes. E,claro, a armadura disponívelé prática e re­

almenteprotege contra os inimigos e não mostra só o corpo da personagem. Issonãoexistena maioria dos videojogos que eu conheço. Quando comecei a jogar, nos anos 90, não conhecia nenhum jogo com a mulher-protagonista. E quan­ do finalmenteapareceu uma heroína forteeindependente:

Lara Croft (1996),foi necessário que tivesse aspeto perfeito eimpecável, que setornou um símbolo sexual, para que os

homens nãose queixassem de uma mulher como protago­ nista, diz Ula.

A maioria das jogadoras comas quais falei numa das re­

dessociaissobreoassunto da representação feminina nos videojogos dizia a mesma coisa:o aparecimento das per­ sonagens femininas é muito importante. Adição dos per­ sonagens diversos com os quais podemos identificar-nos definitivamente aumenta o valor do jogo. Afinal, nemto­

dos somos homens brancos de 30até40 anos, com ocabelo castanhoou preto e barba de vários dias.

Felizmente,pouco a pouco a situaçãoestá a mudar. Mui­

tas vezespor causa de protestos da mesma comunidade; os jogadores estão cansados das mesmasjustificaçõesequerem maisdiversidade nos videojogos. O exemplo perfeito deste tipo de ativismo é alvoroço enorme que começou depois da apresentação dos novos títulos das séries Assassin's Creed eFar Cry da Ubisoft. Na parte de cooperação destes video- jogos (quatro pessoas emAssassin's Creed V: Unity, duas pessoas no caso de Far Cry 4), todas as personagens são homens; osrepresentantesdo produtorjustificamestefacto dizendo que não tinham tempo nemrecursos financeiros paraanimar os modelos de mulheres e que aanimação das personagensfemininasduraria duas vezes mais tempoepo­ dia atrasar todoodesenvolvimento dos videojogos. Asérie Assassin's Creedé uma dasminhaspreferidas e, como para muitas pessoas na comunidade,nãoaceito esta justificação.

Como podemos acreditarque a Ubisoft, um dosmaiores e mais conhecidos produtores de videojogos no mundo não tenha recursos financeiros e tempo?

E o tempo? Em março foirevelado que o novo título da série tem estado em desenvolvimento hápelo menos três anos em dez estúdios de todo o mundo (alémdo princi­ palUbisoft Montreal, no jogo contribuíramosestúdios de Toronto, Kiev, Singapura, Xangai, Annecy, Montpellier, Bucareste, Quebec,e Chengdu). Éumpouco estranho que nenhum deles teve tempo para criar o modelo feminino do personagem.

Mesmoque os comentários não tenham influência no desenvolvimento destes jogos, um número enorme de pes­

soas que expressam estas opiniões pode causar que outros produtores dêemconta do seu público e notem as deman­ das por personagens mais diversos. Poderia também mudar aopiniãodaqueles que dizem que a falta da representação maisdiversa nos videojogos não éumproblemarealeque a coisa maisimportante no videojogo é ajogabilidadee o divertimento, e nãoo sexo do protagonista.Seissonão im­

porta, porque há tão poucos jogos com protagonistas femi­

ninas?

Diz-se que o século XXI é um século em que aigual­ dade existe na sociedade, mas há muitosaspetos em que esta igualdade chega muito lentamente.A situação está a mudar;a parte femininadacomunidade dos jogadorestem cadavez mais reconhecimento,e, por conseguinte,no futu­

ro pode aparecer maiorrepresentação feminina nos jogos.

Grande parte nesta mudança têm também as mulheres-ce­ lebridades associadas com o mundo dos videojogos: seja as

próprias criadoras (por exemplo Kiki Wolfkill de 343 Indus­ tries, Amy Henning de Naughty Dog, Lucy Bradshaw de Electronic Arts ou Jill Murray de Ubisoft), as responsáveis pela promoção(Fragdolls)ou as personalidades femininas do YouTube (Meg Turney, também conhecida pelo seu cos- play e Ashley Jenkins, que antes trabalhava na Microsoft e Ubisoft, deRooster Teeth, Lindsay Jones de Achievement Hunter, Cleo do canal Games4FiteouAshly Burch deHey Ash, Whatcha Playin').Onúmerocrescentedelas e das pró­ priasjogadorasmostra que o mundo dos videojogos não é só para oshomens.Pessoalmenteespero que os membros desta comunidadeeospróprioscriadores dos jogos nofim dêem conta disso.

Małgorzata Tracz 3° ano de Filologia Ibérica UMCS, Lublin

Quantas vezes já ouviu esta frase? Estou certa que já perdeu a conta. Os mal-entendidossãoalgo comum. Acon­ tecem em varias situações e, às vezes, é impossível evitá­ -los. Conforme a minha experiência, posso enumerar três exemplos:

Os mal-entendidoslinguísticos

Sem dúvida, são os mais básicos. Opolaco nãoé uma língua muito usada no mundo, ou seja, a maioria dos falan­ tes tem origem na Polónia. Assim, necessitamos de estudar as línguas estrangeiras para comunicarmos mais facilmente comoutraspessoas. Quando tinha maiso menos 15 anos, a minha amiga e eu decidimos viajar para Espanha. Conhecia algumas palavras e expressões em espanhol eorgulhava­ -medisto (pensando “inteligentemente” que já era quase comoumaespanhola...).AochegaraEspanha,informei os outros companheiros deviagemsobreas minhas “capaci­ dades”. Então, eles pediram-me que lhes encomendasse quatro sumos de laranja (em espanhol naranja). “Quatro sumos denarana [naranha], por favor!”-pedi comum sor­ riso de orelha a orelha.“De quê?! Não compreendo.”, “De narana”- repeti,indicando como dedo laranja. “A! Naranja [nara^xa]"- disse o vendedor. Em polaco “j" pronuncia-se talcomo “i” nos ditongos em portuguêse é por isso que cometiesseerro crasso.

Duranteasúltimasfériasvisitei as Ilhas Canárias. O sol, as praiaslongase...dezenas de turistasestrangeiros. Entre outros, muitos franceses.No liceu,tinha estudadofrancês e, apesar denão sermuito fluente na fala, compreendiatudo.

Umdia,regressando da praia de Fuerteventura, encontrei duasfrancesas. Perguntaram-me se falava a sua língua.Dis­ se que sim,mas que estava mais a vontade a falar inglês.

Então uma das senhoras perguntou à outra “Como se diz mar em inglês?”. Entendiasuaconversae interrompi “Mer (mar em francês) - sea “.Como? “Mer-sea” ( “merci” em francêssignificaOBRIGADA!).Ambasasmulheresconcor­ daramemqueeunãofalavafrancêseforamembora.

Osmal-entendidos na mesma língua:

Nemtodos sabem, mas opolacotambémtemvariantes, como o da Silésia ou da Cassúbia (Kaszuby). Além disso, usamosmilhares de regionalismos. Vou dar alguns exem­ plos mais populares para mostrar como isto funciona no dia-a-dia:

As batatas.Na minha região lubelszczyzna,usam-se al­ ternativamente as palavrasziemniaki [ziemnhaqui] oukar­ tofle [cartofle]. Poznań, uma das maiores cidades na Po­ lónia, é famosa porchamar-lhes pyry [pj-rj]. Pelo contrário, no dialeto dos MontesTatras, são grule. Cuidado quando pedirem algonorestaurante!Nemtodososempregadosde mesa, p.ex. em Lublin, vão entender bem o que significa grule.

As pantufas.Uma palavra quecausa muitas confusões.

Em Cracóvia chamam pantofle (quena minha região en-

(5)

NÃO COMPREENDO! OS LIVROS DE RYSZARD KAPUŚCIŃSKI TRADUZIDOS PARA PORTUGUÊS

tende-se como os sapatos elegantes,aomesmo tempo é uma palavra umpouco antiquada). Aqui em Lublin temos ciapy [tsjapj]. Quase ninguém de foradanossa região compreen­ de... Kapcie [captsje], apesar deser a versão oficial, quer di­ zernão um regionalismo, émais usada em Varsóvia. Com bambosze [bamboche] pode encontrar-se nos Tatras. Na região de Wielkopolska diz-se laczki [latszqui] e na Silésia lacie [latsje].

Vou lá para fora! Na minha região,paraexpressaresta fra­

se, as pessoas costumam dizer idę na dwór (literalmente:

voupara o pálacio).Noentanto,emmuitas lugares,incluin­ doCracóvia,étotalmente aocontrário: idęna pole (literal­

mente:voupara o campo).

O vestíbulo. Uma palavra muito importante na Polónia, porque é aí que as pessoasdeixam os sapatos eos casacos ao entrarem em casa (é imprescindível fazê-lo!). A versão unificada éprzedpokój [p3edpokuj] . NaSilésiapodem ou­

virantryj [antrj-j],para mim, totalmente incompreensível.Os serranos chamam-lhe sień [cienh]. Ouvi também a versão przedsionek [p3edcionec]. Na minha casa dizemos sionka [cionca].

Ascalças. A versão mais usada desta palavra na Poló­

nia é spodnie [spodnhe]. Na Silésia usam a palavra galoty [galot-],queemLublinsoaum poucodivertido.Nas monta­ nhas vestem-se portki [portqui]. Nos arredores de Cracóvia definem-nas como gacie [gatsie].Em Lublin gacie significa as cuecas enãoé uma palavramuitoelegante.

Os mal-entendidos culturais:

O savoir-vivre é o código internacional dos comporta­ mentos culturais, respeitado por quase todos. Outra coisa sãoos bons modos. Emcadapaíséumpouco diferente. Na Polónia tambémtemos varias “leis nãoescritas”.

Receber os convidados

NaPolónia é bem-visto recebê-los àgrande e à france­ sa.As mesas enchem-sede pratos edebebidas de todos os tipos. Deste modo, depois de cadaencontro,sobramquilos decomidaque os hóspedesnãoconseguiramcomer. Todas as pessoaspodemficarna nossa casa até quando quiserem.

Masé o convidadoque sentequenão pode abusarda hos­ pitalidade!As pessoas bem-educadas sabemtambém que émelhor atrasar-se 5 minutos para uma festa. Ao mesmo tempo, atrasar-semais de15minutos pode ofender os nos­ sosamigos.Sobre o quesefala à mesa?Como é habitualem todosossítios,sobre o tempo, a família,o trabalho...Otema popularíssimo éa política. Mas aquinão sepode esquecer de que cada pessoana Polónia tem as suaspróprias opini­ ões nesta área, por isso tenha cuidado com os julgamentos radicais.Dequese pode brincar? Ospolacosgostammuitís­ simo de rir-se eachoque a maiorianãotem os temas “tabu”, à excepção da religião.

A entrada e a saída

Num autocarro pode-se entrar por todas as portas.Mas lembre-sequeprimeiro as pessoassaem.Istofunciona tam­

bém noutros lugares. Entramos depois dos outros saírem.

Os cavalheiros cedem a passagem às senhoras, dizendo

“porfavor”. Entrar nalgumsitioantes da mulheréconside-

radoumafalta dechá.

As relações homem-mulher

Os polacos costumambeijar a mão das mulheres .É um cumprimentoqueexpressa a consideração.Alémdisso, um homem bem-educado ajuda sempreas mulheres a transpor­ tar ascoisas pesadas. É normal fazê-lona rua, no comboio, nas lojas, etc. É um homem avaro? Então, nãovai gostar de queébem-visto pagar pelamulherdepoisdum encontro. Já tem a cara-metadeevai conhecer os seuspais?Noprimeiro encontrodeve oferecer-lhes algum presente: um ramos de flores,umacaixa de chocolates,etc.

Outros

Se vaicom os seus amigos a um bar, nãofiquesurpreen­ dido se cada um pagar só a suadespesa.Não temsemprede deixar uma gorjeta. Só se costuma fazê-lo quandoestamos satisfeitos como serviço. Omínimo énormalmente10% do valor da conta. De costume, tratamos por tu só os amigos.

Com os familiares saudamos dando-lhes três beijos na bo­ chechas.

Vale a pena aprender as línguas! As estrangeiras, as variantes da nossa e...as humanas como a cultura e o com­ portamento dos váriospaíses. Há que respeitar que todos somos diferentes, mas, para evitar <os mal-entendidos> é melhor que, pelo menos, tentemos conhecer outros costu­ mes.

Weronika Ślęzak ano de Filologia Ibérica UMCS, Lublin

Ryszard Kapuscinskié uma lenda da reportagem mun­ dial e polaca. Nasceu em Pińsk (hoje Bielorússia, encontra­ va-se na Polónia antes da Segunda Guerra Mundial), em 1932. Durante os anos 1952-1956, estudou na Faculdadede História da Universidade de Varsóvia. Depois dos estudos, começou a trabalharcomojornalista e fezas suasprimeiras viagens: à China, ao Paquistão e ao Afeganistão, de onde enviou as suas primeiras reportagens. O sucesso começou com a viagempara o Congo em 1958 durante a guerra ci­ vil. A partir deste momento assuas reportagensda África, da Ásia e da América do Sul eram altamente valorizados eKapuścińskirecebeuvários prémios, incluindo o Prémio Príncipe das Astúrias (2003), Internazionale Viareggio Ver- silia(2000) e muitosoutros naPolónia,França,Estados Uni­

dos , Itália, Alemanha, etc.

Muitasvezeselefoi definido como “um homem comum extraordináriosentido de informação emeio ambiente”. Ti­ nha uma capacidade incrível de observar e perceber as coi­ sasinvisíveisparaoutrose um instintoque o levava a todos esses lugares ondeas coisas importantes aconteciam.Sabia como observare analisar o ambienteformando rapidamen­

te partedele. Por causa da sua neutralidade sabia valorizar objetivamente os fatos. Para ele importava mostrar o que não é observado pelo jornalismo que segue as elites polí­

ticas. Cada reportagem de Kapuscinski éum combate pela dignidade, contra a indiferença.

Algumas das suas reportagens foram traduzidas para português. Todas as traduções foram feitas por Tomasz Barciński- tradutor de obrasda literatura polaca para por­ tuguês,para a editorabrasileira Companhia das Letras(Cia.

das Letras). Abaixovou apresentá-las, encorajando o leitor lusófono a procurar estaspublicaçõeseconhecerestefamo­ sorepórter.

Heban - Ébano (1998):Uma coleção de reportagens so­ breÁfrica. Éo registo das viagens deRyszardKapuscinski porÁfrica (entre outrosàEtiópia, à Tanzânia, àNigéria, ao Gana), de1958 até aos inícios dos anossessenta,quando es­

ses países foram engolidospelofogo das várias revoluções.

Otrabalho consiste em29histórias curtas,organizadas por ordem cronológica. É um livroescritonum estilo emque a reportagem está entrelaçada com o romance, criando uma espécie de diário dumrepórter. No livrohámuitas compa­ raçõesentre a vida dos africanose dos europeus.

Cesarz - O Imperador (1978): Livro sobre a Etiópia e a corteimperial de HaileSelassie na época da monarquia constitucional e no momento da revolução. O autor apre­ sentou-omais como aficção literáriadoque reportagem. O escritornãomostra osmembrosdajunta militar comunista que derrubou a monarquia. Em vezdisso, mostra as rela­ ções dos ex-membros docortejo imperial (semrevelar a sua identidade,comalgumas exceções). Kapuściński reconstrói a imagemdosistema através da gente queservenopalácio.

Assuasdescrições,impassíveis,cheiasdosdetalhesaparen­ temente semimportância, compõem a imagem do regime, sendo ao mesmotempo a evidênciafactual,quedemonstra a sua criminalidade.

Podróże z Herodotem - Minhas viagens com Heródo- to: É um trabalho autobiográfico,publicado em 2004. Neste livro, o autor compara as suas viagens naÁsia e na Áfri­ ca, com as aventuras do antigo cronistaHeródoto. Quando RyszardKapuściński partiu para a suaprimeiraviagemao estrangeiro,elerecebeucomo presente a históriadeHeródo- to. Otrabalhodoantigo historiador acompanhou-odurante as viagens pela Índia, China, Ásia Menor e África. Neste livro, o famoso repórter fala sobre muitos eventos políticos ehistóricos fascinantes queele testemunhou,justapondo-os comos fatos descritos por Heródoto. Pergunta-se como a forma como viajamos, como transmitimos as mensagens e descrevemos a históriaafetaacompreensãodo mundo.

Wojna futbolowa - A Guerra do Futebol (1978):Este li­ vroé umaantologiaderelatos vagamenterelacionados,que falam sobre os eventos políticos nos continentes africano e americano.Aguerradofutebol do títulofoium conflito ar­ mado entre El Salvador e Honduras, mas consiste apenas um capítulo neste importantetrabalho.O livro deuma for­

ma muito vívidamostra-nos o nascimento da independên­ cia nos países africanos eo processo turbulento da criação dum estado, baseadona corrupçãoe violência. Vale a pena ler porquemostra-nostambémascondiçõesdotrabalho de repórterhá algumas décadas, quando ele comunicava com o país mediante os telegramas, eque mostra quão difícil, mastambémcheiade aventuras eraestaprofissão.

Szachinszach - O xá dos xás (1982): É um ensaio não muito longo sobre a históriasangrentadoIrão.O autor dá­ -nos uma aula da história, que não vamos ternas nossas escolas. AssimKapuścinski explora não só a natureza da revolução, mas também a natureza do povo iraniano. No entanto,emvárioslugares o autordestacaclaramente ofato que os habitantesdestaregião sãopessoasquenateoriaena práticanão diferemmuito de nós.

Jeszcze jeden dzień życia - Mais um dia de vida: Os eventos registados da guerra civilem Angola nos últimos meses antes da independência deste país a 11 de novem­

bro de 1975. Oautor observa edescreve os acontecimentos da capital, Luanda, despovoada e ameaçada pelos ataques dos intervencionistas estrangeiros, mas também a situação na frente. “Maisum dia devida”,publicado em 1976,é um livro muito pessoal. Não sobre a guerra,nãosobre aqueles quelutam de dois lados, massobre o sentimentodeperdae incerteza doquevai acontecercontigocada dia.

A A

(6)

ATIVIDADES DO CENTRO DE LÍNGUA

PORTUGUESA NO ANO LETIVO 2013/2014 ATIVIDADES DO CENTRO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ANO LETIVO 2013/2014

7 de novembro de 2013

PalestradoProf. Doutor Henryk Siewierski da Univer­ sidade deBrasília: Amazôniana obra do Padre João Daniel, um missionário português do século XVIII. Depoisda pa­ lestra teve lugar a apresentação do livro do Prof. Doutor HenrykSiewierski: Livro do rio máximo doPadre JoãoDa­

niel.

13 e14de novembro de 2013

Palestras da Profâ Doutora Cristiane Roscoe Bessa da Universidadede Brasília:

Teoria da tradução

A tradução-substituição e questões relacionadas.

3 de dezembro de 2013

Encontro comPietroFuhr, estudante de Direito daUni­ versidadede Ijuí, RioGrandedoSul,Brasil que esteveem intercâmbiona UMCS no cursodeEconomia. Proferiu uma palestracom o tema:Imersãodo jovem brasileiro na cultura e no trabalho.

18 de dezembro de 2013

Encontro de Nataldos estudantes e professores da Filo­

logia Ibérica daUMCS.

18 de novembro a 20 de dezembro de 2013

Ciclo de cincopalestras dedicadas à língua e à cultura galegasproferidas por BriaxisFernándezMéndez.

14 de janeiro

Palestrado Prof. Doutor José CarlosLázaro daSilva Fi­ lho da UniversidadeFederal doCeará (UFC): Administra­ ção e Logística no Brasil.

Palestra da Dra. Magdalena Szymańska Lázaro da Sil­ va, professorado Departamento de Letras Estrangeiras da UFC: Intercâmbio - ApresentaçãodaUFC.

27 de fevereiro

Visita de Sua Excelência a Embaixadora de Portugal na Polónia, Dra. Maria Amélia Paiva. Do programa davisita constou:

- Prorrogação doprotocolo de cooperação entre aUni­ versidade Maria Curie-Skłodowska e o Instituto Camões para os próximosanos.

- Assinatura deum protocolodecooperaçãoentreaUni­ versidade Maria Curie-Skłodowska, a Embaixada dePortu­

gal na Polónia e a empresa JerónimoMartins, representada peloDr. Nuno Dias. Esteprotocoloestabelece as condições de concessão deuma bolsa de estudoparao melhor estu­

danteda filologia portuguesa na UMCS.

- Inauguração da exposiçãoA BDIbérica - UmaPenín­ sulaaosQuadradinhos. A exposição foi uma iniciativado Instituto Camõese doInstituto Cervantes. Em Lublin este certame fez partedovasto programa decomemorações dos 70° aniversáriodaUMCS.

- Visita ao Centro de LínguaPortuguesa/Camões com um encontroinformalcom os estudantes de filologia por­ tuguesa.

- ReuniãocomocorpodocentedoDepartamentodeEs­ tudosPortugueses.

25 e26de março

Palestrasda Profâ Doutora Mariada NatividadePiresda

EscolaSuperior deEducaçãode Castelo Branco:

Literatura Infantil e Juvenil e Educação Intercultural e Algunsexemplos do artesanatoportuguês.

28 de março

Na Escola Secundária n ° 4 Stefania Sempołowska em Lublinteve lugaro 1° ConcursoInterescolar sobre Conhe­ cimentoda América Latina, sobopatrocínio da Embaixada do México naPolónia, oCentro de LínguaPortuguesa/Ca- mões e Escola deLíngua Espanhola Villablanca deLublin.

1 de abril

Palestra do Prof. Doutor Paulo Osório, presidente do Departamento de Letras da Universidade da Beira Interior (Covilhã,Portugal): Algumas Curiosidades da LínguaPor­ tuguesa: do passado ao presente.

3 e4deabril de 2014

3° Congresso dos Estudantes Lusitanistas da Polónia:

Unidade e Diversidade no MundoLusófono.

A palestra de abertura: Unidadee Diversidade da Lín­ gua Portuguesa noMundo foiproferida peloProf. Doutor Paulo Osório da Universidade da Beira Interior. Depois seguiram-se 21 comunicações divididas em cinco sessões temáticas:Linguística,História e Cultura (Brasil),Línguae Cultura (Timor-Leste), Literatura,História e Cultura (Países Lusófonos)proferidas por estudantes dos maiores centros universitários de ensinodo português da Polónia (Cracóvia, Poznań, Varsóvia, Wrocław eLublin)

8 de abril

Palestra doDr. PedroBalaus Custódio do Instituto Po­ litécnico de Coimbra:TrêsVozes da Literatura Portuguesa Contemporânea.

30 de maio

Palestra do Prof. Doutor Bento Sitoe da Universidade Eduardo Mondlane de Maputo: Literatura em línguas afri­ canas:(n)umcaldeirãocultural.

4 de junho

Apresentação audio-visual por Miguel Santos, estagiário daUniversidade Aberta, deLisboa, no auditório do Centro Camões,sobotemaSantoAntónio ea suaHerança.

23a27 de junho

A Profâ Doutora HannaJakubowicz BatoréodaUniver­ sidade Aberta, Lisboa, esteve na UMCS, noDepartamento deEstudosPortugueses e no Centro de Língua Portuguesa/

Camões, no âmbitodo Programa Erasmus 2013/2014. O pro­ grama da suaestadiaabrangeu apoiotutorial e orientação científica ao nível de mestrado e do pós-doutoramento na área da Linguística Portuguesa, especialmente no que diz respeito ao Português Língua Não-Materna e à Linguística Cognitiva.

CONCURSOS:

Concurso de fotografia: Portugal a preto e branco (77 fotografias de27autores)

1°lugar: Michalina Kowol-Expo, Lizbona 2°lugar: Jerzy Durczak -Most nad Douro 3°lugar: Joanna Dudek - Lisboa

Mençõeshonrosas:

Ana Filipa Scarpa - Ponte de Lima

João Santiago -O Douro na Régua

KatarzynaJanowska - Małyczłowiek i morze Karolina Szwaj- OPescador

Concursode ortografia: (14 participantes)

1° lugar: MagdalenaIdeć - Universidade Jagellónicade Cracóvia

2°lugar: Zyta Padała -UniversidadeMarieCurie Sklo- dowska deLublin

3° lugar: Zofia Gajos- UniversidadeMarieCurie Sklo- dowska deLublin

Menções honrosas:

DominikaPezda - Universidade Jagellónica de Cracóvia Natalia Trzebuniak - Universidade Marie CurieSklodo- wskade Lublin

JoannaJózefowska - Universidade Adam Mickiewicz de Poznań

Concurso de conhecimentos de cultura geral- Portugal e Brasil: (42 alunos das escolas secundárias e básicas do3 ° ciclo daregião de Lublin)

Escolas básicas do 3 ° ciclo

1° lugar: Łukasz Wituch (EB n ° 1 União Europeia, Zamość)(39pontos)

2°lugar: Jan Mazurek(EB n ° 10 JanTwardowski, Lublin) (38,5 pontos)

3° lugar: Olgierd Sobieraj (EBn ° 10JanTwardowski, Lu­

blin) (36 pkt.)

Escolassecundárias

1°lugar: Marek Wawrzyszko (Liceun ° 1 W. Broniewski, Świdnik) (45pontos)

2° lugar: Michał Smoła (Liceu n ° 1 União Europeia, Zamość)(40,5pontos)

3°lugar: Igor Adamczyk (Liceu n ° 1 União Europeia, Zamość)(40pontos) ;

MarekGawrysiak(Liceu n °1 A.J.Czartoryski, Puławy) (40pontos)

Concursode tradução(42participantes) 1° lugar: Katarzyna Kłodnicka

2°lugar:JarosławKobyłko 3°lugar: MagdalenaIdeć

Concurso de apresentações multimédia: Portugal-ter­ ra de navegadores (186 apresentações de alunos doensino básicodo 3 ° ciclo e secundário de todaa Polónia)

1° lugar: Jan Jurasz (Agrupamento de Escolas Anna z Działyńskich-Potocka, PosadaGórna)

2° lugar: Kamil Nowacki (Agrupamento de Escolas de Krasnopol)

3° lugar: Klaudia Orzechowska (EB 3 ° ciclo n ° 16Fry­ derykChopin,Lublin)

Mençãohonrosa: Michał Dolina (Liceu ONU,Biłgoraj)

(7)

Congresso dos Estudantes Lusitanistas da Polónia Unidade e Diversidade no Mundo Lusófono

Fotografia: Jorge Branco

Património mundial de origem portuguesa

AnnaTylec/Katarzyna Janowska UMCS, Lublin

Há cercade500 anos os portugueses começaram a sua expansão marítima. Marcaram a sua presençano mundo inteiro, também em lugares que não parecemtão evidentes.

Na lista da UNESCOpodemosencontrar40 sítios deorigem e influênciaportuguesa,16 deles ficam no território de Por­ tugal e os restantes estão espalhados por vários continentes.

Observando o mapa seguinte podemos notar queos sítios mencionados ficam na zona costeira, o quetestemunhao caráter marítimo da expansãoportuguesa.

Na América do Sul podemos destacar nove lugares no Brasil e umno Uruguai.Entre eles há oCentro histórico de São Luís que se situa no estado de Maranhão.É a única cidadeno Brasil fundada pelos franceses, em1612, depois invadida pelos holandeses e finalmenteadministradapelos portugueses. Umasdas marcas mais significantes da pre­

sença deles são várioselementos arquitetónicos como asja­ nelas arredondadasnotopoouosedifíciosdecoradoscom azulejos.Atéhoje mantiveram-seexemplosdas típicas casas coloniais do século XVII.

Outrovestígioencontra-sena cidade deOlinda que fica no estado de Pernambuco, a norte deRecife. Naaltura da exploração da cana-de-açúcar foi a capital do estado mas depois de ser destruída durante ainvasãoholandesa no sé­

culo XVIIperdeu a sua importâncianaregião.O rasto mais significante é o Convento de São Francisco reconstruído pelos portugueses no sec. XVIII. O seu interior apresenta o estilo barrocoe o claustrofoidecorado com azulejos que mostram as cenas de vida dos santos.

Otestemunho seguinte é a Praçade São Franciscoloca­ lizada nocentro histórico deSãoCristóvão,noleste do Bra­ sil. A cidade foi fundadaem 1590 eéconsideradaaquarta cidade mais antiga nopaís. A praça representaumlegado do período da União Ibérica por apresentarinfluênciastan­ to portuguesascomo espanholas, contribuindo para uma imensa riqueza histórica. No local referido é possível apre­

ciaropalácio do período colonial onde funcionao Museu Histórico;etambém prédios das ordens religiosas,comoo Museu deArte Sacra e oConvento de São Francisco.Todos eles continuampraticamente com a mesma feição de quan­ do fundados.

A cidade de São Salvador da Baía émaisuma das marcas

da influênciaportuguesa. Foi fundada em 1549 e localiza-se no Estado da Baía, sendoaprimeiracapital do Brasil.A Igre­ ja de São Francisco, de1703,é oexemplo maisapreciável da presença dos portugueses. Aigreja apresenta o maiorcon­ junto de azulejos portugueses do mundo e ostentaum dos melhores exemplos do repertório ornamental barroco no interior onde asparedes são cobertas inteiramentede ouro.

Na cidade foicriadotambémoprimeiro mercado negreiro do Novo Mundo que tevelugar noLargo doPelourinho.

Na lista de Património Mundialencontra-se também o CentroHistórico de Goiás.A cidade, fundada pelos portu­ gueses, localiza-se na região central brasileira. No século XVIII iniciou-se aintensivaextração do ouro nessa região queprovocou o desenvolvimento da cidade. Este facto de­ terminou o estabelecimentodo governolocal. Por isso oPa­ láciodos Governadores foi construído eserviu como resi­ dência paragovernadoresepaláciode despachos.Além da arquiteturacivilhá alguns edifíciosreligiososinteressantes como a Igreja da Boa MorteouIgreja de Sant'Ana.

O vestígio seguinte pode encontrar-se no Centro Histó­ rico de Diamantina, no Estadode Minas Gerais, a norte de Belo Horizonte. Foi fundada naaltura doinício da buscado ouro nestaregião(século XVI),mas depois foram descober­ tasaqui também jazidas dediamantes. Entre osprincipais monumentosquecompõem o centro históricode Diaman­

tina, destacam-seoMuseu do Diamante com a Biblioteca e a Igreja deNossaSenhora do Carmo que foi mandada construir pelo contratador de diamantes João Fernandesde Oliveira ou mais precisamente pela mulher dele,Chicada Silva,ex-escrava e fundadora de váriosedifícios na cidade.

O Santuário de Bom Jesus de Matosinhos também foi inscrito na lista daUNESCO. A basílica fica em Congonhas, perto de Ouro Preto, no estado deMinasGerais. Foi cons­ truída na segunda metade do século XVIII. Uma lenda diz que o santuário foi fundado por causadumcolono portu­ guês, Feliciano Mendes, que curado duma doençagrevede­ dicou estelugar, o monte doMaranhão, ao Senhor do Bom Jesus de Matosinhos. Em frente do santuárioencontram-se dozeestátuasdosprofetas(do projeto do famoso arquiteto Aleijadinho)e seis capelas com as cenas da Paixãode Cris­

to,que se parecem com as dos santuários do BomJesusde Matosinhos ou de Braga.

Outro lugar onde osportuguesesdeixaramas suas mar­ cas éacidade de OuroPreto,situada no estado de Minas Gerais, asulde Belo Horizonte.Foicriada no século XVII, quando foram descobertas jazidas de ouronesta região. A cidade distingue-se das outras povoações pela sua arquite­ tura idêntica à datípica das regiões portuguesas do Minhoe AltoDouro. Como o exemplo pode servir a Igreja de Nossa Senhora do Pilar. As paredes dointerior são cobertaspor quase400 quilosdeouro. Ao ladoda igreja encontra-se o pequenomuseu onde estãoem exibição alfaias e pratarias de grande qualidade.

Um dos centros urbanos maissignificantes para a cul­

tura ea política brasileiraesimultaneamente criadas pelos portugueses é o Rio deJaneiro.A cidade foi fundada em

11

(8)

Património mundial de origem portuguesa Património mundial de origem portuguesa

1565 para ocupare defender a Baía de Guanabara. A antiga capital do Brasil é a primeira cidadeque recebeuo título dePaisagem Cultural Urbana doPatrimónio Mundial. Os locaisda cidadevalorizados com o título da UNESCO são entre outros o Pão de Açúcar,o Corcovado, a Floresta da Tijucaea famosa praia Copacabana. Esta paisagem cultural éo fruto de associação dos aspectos naturais com asinflu­ ências humanas.

Os portugueseschegaramtambémaos terrenos do atu­

alUruguai.ColóniadelSacramento tem origem na antiga cidade deColóniado Santíssimo Sacramento fundada em 1680 por Manuel Lobo, Governador daCapitania Realdo Rio deJaneiro.Éalique se encontram atrações de origem portuguesa comooFarol de 1857,asruínas do Convento de San Francisco,consideradaumadas construções mais anti­ gas dacidade, datada de 1683. Um dos símbolosdaregiãoé abelaCalle de los Suspiros, de onde,segundoalenda local, épossível escutar um som como odeum suspiro nos dias de ventomaisforte.

Além da Américado Sul, os portugueses deixaram tam­

bém as suas marcasna África. É claro que osvestígiosmais evidentes podem ser achadosnos países que antigamente foram colónias portuguesas. Aliás, na lista da UNESCO encontram-se outros lugares, também influenciados pela presença dosportugueses.

Um dos exemplos é a cidadede Mazagão, atual ElJa- dida,localizadaemMarrocos,asuldeCasablanca.Funda­ da nos inícios do século XVI como entrepostocomercial e militar na rota marítima para a Índia, manteve-se na posse da coroa portuguesa até1769. Mazagão é um importante exemplo dointercâmbio dasculturas europeias emarroqui­ na. Um dostestemunhos da atividade dos portuguesesé o primitivo castelo e a fortaleza com o hospital, opalácio do governador, osarmazéns, a cisterna manuelina, o chafarize a IgrejaMatriz de Nossa Senhora da Assunção.São também visíveis alguns vestígiosdo antigo PaláciodosGovernado­ resno edifício da atual mesquita.

Em Cabo Verdemanteve-seoutra marca: a Cidade Ve­

lha, a primeira capital deste país que foi fundada em 1462, como cidade da Ribeira Grande.A cidade desenvolve-se rapidamente graças à localização do arquipélago cabo- -verdiano que ganhouum grandevalor estratégico, como o ponto de apoio nas rotas marítimasparaas Américas e para o sul de África. A cidade écoroada pela Fortaleza de São Filipe com uma cisterna de água earmazém de armas, que foiconstruídaem resultado dosataques à cidadede1578 e de 1585, de Sir Francis Drake, o corsário inglês. Ficaaqui a Igrejade Nossa Senhora do Rosário, a únicaque se manteve e quecontinuaabertaaoculto.

Podemos encontrar outros vestígiosportuguesesna Ilha de Goréeque selocaliza no território do Senegal, atrês qui­

lómetros do porto em Dakar. No século XV os portugueses fundaram aqui uma feitoria que, com a localização estra­

tégicada ilha, deu origemao desenvolvimento do maior centro de comércio de escravos do continente africano. Ao longo de vários séculos o lugar foi conquistado e adminis-

trado pelos holandeses, ingleses e franceses. A mais impor­

tantemarca do tráfico dos escravos é aCasa dos Escravos por onde passaram milharesde pessoas.

A Ilha de James também esconde as marcas da presença dos portugueses.Situa-se na foz do rio Gâmbia, naGâmbia.

Foi centro de comércio de ouro emarfim,e depois também de escravos, iniciado pelosárabes,nosséculos IX e X. Os portuguesesherdaram-noainda no século XVtornadoeste lugarumdosmaisimportantes pontos dotráfico negreiro.

Desde oséculo XVIIIencontrou-sesob a dominação britâ­ nica.

O último lugar na costaafricana ocidental que foiins­ crito nalistado Património Mundial etestemunha a ativi­ dade portuguesa nesse continente são os fortes e castelos de Volta em Accra, cidade que se situa na costa do Gana.

No fim do século XV os portugueses fundaram a primeira feitoria - o Castelo de SãoJorge. Logo que encontraram o ouro na costa surgiram também os ingleses, holandeses e suecosqueconstruíram osnovos fortes, nototal mais de 60.

Em pouco tempo apareceu neste lugar tambémo comércio dosescravos.Vestígios disso é o Castelode Cape Coast de origeminglesa.

Passando para a costa oriental da África encontram-se quatrolugares onde apresença portuguesa deixou as suas marcas. Omais evidenteé a Ilha de Moçambique que foi, nos séculosXV eXVI, um importante pontoestratégico na rotacomercial portuguesapara aÍndia e também nocomér­ cio de exportação de escravos para o Brasil. Da presença portuguesa na Ilha de Moçambique testemunha a Forta­ leza de S. Sebastião, concluída no fim do séc. XVI aolado encontra-setambém a cisterna e aantigaIgrejade S. Sebas­ tião.Na extremidade norte da ilha deMoçambique situa-se aedificação colonial mais antiga de toda a costa do Oceano Índico - a Capela de Nossa Senhora doBaluarteque étida como único exemplar de arquitetura manuelina existente em Moçambique.

Osportugueses chegaram também à Tanzâniao que po­ demprovar as ruínas de KilwaKisiwani e deSongo Mnara quese localizamnas duas pequenasilhas de mesmo nome na costasueste da atual Tanzânia. O porto árabe na ilha Ki- lwaKiksiwanifoitomado porVasco da Gamaem 1502 du­

rante a suasegunda viagem à índia. Logodepois começou a construção da primeirafortificação na zonaorientalafri­ cana,fortaleza depedra e cal eos outrosedifícios que hoje estão em ruínas. Em1512 os portugueses abandonaramas ilhas, em lugardelesregressaram os árabes e povosswahili.

Épreciso sublinhar quedurantealgunsséculos foi oimpor­ tantecentrode trocas comerciais entrea Europa,a África e oOriente.

O vestígio seguinte que vale a pena destacar é o Forte Jesus de Mombaça, que fica na costa doQuénia. A história de fortaleza começoucoma chegada deVasco da Gama em 1498 durante a sua viagem marítima à India.Logo depois a Cidade deMombaça tornou-se umimportanteponto de escala na rota comercialentre o Estado da Índia e a África Oriental. Por issooreiD.JoãoIIIdecidiufundarumaforta­

leza que defendesseestelugardesalteadores. O forte é con­ sideradocomooexemplo da arquitetura militarportuguesa doséculoXVI mais significativo na costaorientalafricana.

A cidade-fortaleza de Fasil Ghebbi é o outro exemplo das influênciasportuguesas no mundo. Acidadesitua-sena regiãode Gonder, a antigacapitaldaEtiópia.É um conjunto decastelos,palácios,igrejas e outrosedifíciosinfluenciados por várias culturas: etíope, indiana, grega ou portuguesa.

Esta última foimarcada no Palácio do Rei Fasiledes, uma das mais espetaculares construções do conjunto, fundado no séc. XVII, entãona altura dos ataques muçulmanos à co­

munidadecristã que habitava olugar.

A presença dos portugueses destacou-se também na Ásia. Pode-se sublinhar seis sítios onde sãovisíveis as in­

fluências desta cultura. O primeirodelesé o forteportuguês da Ilha de Bahrein, que é um pequeno estado insular do golfo Pérsico, omaior monumento deManama oForte de Bahrein,outambémconhecidocomoo Forte Português.Foi construído por ordem de D. Manuel I noséculo XVI, reino bastante ricoprincipalmente em pérolas, mas tambémum importante local detrocas comerciais. Embora seja umafor­ tificaçãoárabemas mantémtambém os traçosportugueses.

As marcas portuguesas encontram-se também na cida­ de de Goalocalizada a meio da costa ocidental da Índia. O património construído na Velha Goa é o encontro de duas culturas: a europeia e a asiática. Arquitetura - ocidental,e decoração asiática. Do património edificado na cidade de Goa durante a presença portuguesa permanece essencial­

mente a arquiteturareligiosa. Um dosedifícios religiosos é aSéde Goa, cujaconstruçãofoiinspirada na SéCatedralde Portalegre.A Igrejado Bom Jesus é umdosmelhoresexem­ plos da arquiteturabarrocadopaís. No seu interior repou­ sa o corpo de SãoFranciscoXavier,um missionário cristão, considerado oApóstolodoOriente e em 1946, tornou-sea primeirabasílica daÍndia.

AcidadevelhadeGalle eas suas fortificações apresen­ tam outros vestígios da presença portuguesa. O Forte de Galle localiza-se na baíadeGalle, na costa sudoeste da ilha de Ceilão, atual Sri Lanka.Os primeiros europeus a visita­ rem o Sri Lanka foram os portugueses: Dom Lourenço de Almeida chegou à ilha em 1505. Fundada no século XVI pelos portugueses,Gallealcançou o augedoseudesenvol­ vimentono século XVIII. Construíram uma muralha e três bastiões para defendera península. Em 1640 a cidade caiu nas mãos de holandesesque refizeramas muralhas e toda a cidade noestiloholandês. Galle continuasendo omelhor exemplo de uma cidadefortificada construídapelos euro­ peusnoSul e noSudeste Asiático.

Os portugueseschegaramtambém à Malásia. A costa de Malaca foi durante 600anos um importante centro comer­ cial da Ásia,e 84línguas diferentes eramfaladas na capi­ tal da Malásia refletindo a variedade depessoas e culturas, tambémpresente na paisagemurbana.Em1511, Afonso de Albuquerqueconquistou-aeassim Malacaestevesobdomí­ nio português entre1511 e 1641.

O último local onde a presença portuguesa deixou as

suasmarcas é o Centro Histórico de Macau quese localiza no sul da China. Foi escala das embarcações portuguesas durante as viagens ao Japão e primeiro entreposto comer­ cial europeu na China. Os portugueses receberamo privi­

légio de aí se estabelecerem principalmentepara defender acidade de salteadores epiratas. Em Macau são visíveis as influências europeias que se cruzam com as chinesas. Eas­

simpodemos observar nas paredes de edifíciosos azulejos com osmotivos de dragões. Seguindo ainda osrelatos tra­ dicionais, LuísVazdeCamõespermaneceu em Macauentre 1557 e 1559, período durante o qual, na designada “Gruta de Camões”, se inspirou para escrever excertos da sua fa­ mosa obra OsLusíadas.

O Património Mundial de Origem Portuguesa está em relação com a enormediversidadecultural, unida pelos por­ tugueses.Com estetrabalhomostrámosqueosportugueses criaramlaços e raízes bastante fortes entre os povos pelos quaispassaram e ainda se podem observaressasligações.

Anna Tylec e Katarzyna Janowska - estudantes do 1°

ano do mestrado em Estudos Portugueses na UMCS. No quarto semestre dos estudos de licenciatura tiveramopor­ tunidadeestudar na UniversidadedoPortoatravésdo Pro­

grama Erasmus. Interessam-se pela cultura e história dos países da CPLP e pela expansão da língua portuguesa no mundo.

Bibliografia:

1.http://whc.unesco.org/en/interactive-map/ - 17.11.2014.

2. Azevedo, C. (1960), A Fortaleza de Jesus e os Portugue­

ses em Mombaça- A Fortaleza de Jesus, Lisboa, pp. 79-127.

3. Bethecourt, F., Curto, D., (eds.) (2010), A Expansão MarítimaPortuguesa,1400-1800,Edições 70, Lisboa.

4. Dias, P. (2008), Arte de Portugal no Mundo. África Oriental e Golfo Pérsico, Lisboa.

5. Kieniewicz, J. (2008), Ekspansja.Kolonializm.Cywili­ zacja, DiG,Warszawa.

6. Maik, W. (sob a dir.)(1999) ABC Świat. Afryka II, WydawnictwoKurpisz,Poznań.

7. Silva, A. Correia e(1998), Espaços Urbanos de Cabo Verde,otempo das cidades-porto,Lisboa.

(9)

EM BUSCA DO AMOR PERDIDO - UMA PERSPETIVA SUBJETIVA SOBRE A BRASILIDADE EM BUSCA DO AMOR PERDIDO - UMA PERSPETIVA SUBJETIVA SOBRE A BRASILIDADE

Bartosz Suchecki UMCS, Lublin

A minhaapresentaçãotrata, comoo assunto diz, dami­ nhaperspetiva subjetivasobre a brasilidade. Alguns devo­ cês me conhecem,outros não. Dado que vai ser uma pers­

petiva pessoal, no início, alguns factos básicos sobre mim.

Cá, na Polónia, chamome Bartek. No Brasil conhecido na maioriadasvezes como: oBarczi. Soualunodoterceiroano de estudos portugueses. Este lugar, o Instituto Camões é a minha casa. Claro, no sentido metafórico. Por exemplo, nunca dormi aqui. Recentemente, eu passei setemeses no Brasil. Em Lublin estudo sobretudo as matérias portugue­

sas. Então: porquê oBrasil?

Não é poracaso. Há doisanos eu fiz intercâmbio, através do Programa Erasmus, em Lisboa.Essaviagem abriu oape­ titepara conhecermais, explorar outras regiões lusófonas.

Mas,antes daestada, os meus motivosnãoeram palpáveis, tangíveis. Nãotinhaobjetivos declarados. Só queriaaproxi­ mar-me defenómenos novos,do mundo desconhecido que nãosabiadesignar.Essaindeterminação tornouse para mim ovalor principaldaviagem.Alémdisso,eu vi “Tieta”, uma telenovela da rede Globo mostrando o Brasil rural. Nessa época,estasériefoi muito estranha para mim. Naverdade, aindaé estranha, mas também intrigante. Fiqueiinteressa­ dopelopaís distante.

Maisoumenos cem anos antes disso, nas primeiras dé­ cadas do século XX, o escritor francês Marcel Proustpro­

curava, aindanoleito demorte,otempoperdido. O século inteiro trouxeummontão de novidades,mudanças sociais epolíticasaoredordo mundo. Nomundo lusófono, os afri­ canos,depoisdeteremconquistado a independência, tenta­ vam definir atodo ocusto a angolanidade ea moçambica- nidade.Asdisputassobre a responsabilidade por propagar osvalorestípicos continuam até hoje. Muitos portugueses, acostumados à exaltação daportugalidadeno período sala­ zarista, foram expulsos do paíspela crise. Hoje, no estran­

geiro sentemsaudades donacional.

Hoje, quero falar da brasilidade. Muitos autores brasi­

leiros empenharamse em desmascarar a essência da identi­

dadebrasileira. As análises políticas e sociais complexasde, porexemplo,Euclides da Cunha, Manoel Bomfim,Oliveira Viana, SérgioBuarquedeHollandaou Gilberto Freyre, en­

tre muitos outros pensadores, tratam de questões como o atrasoe amodernidade do país, o papel das elites intelec­ tuais noprocesso de formação da nação, as relações inter- raciais, etc.

Éóbvio queeunãosoupensador. Não tenhocompetên­ cias, nem tempo para desenvolveresse assuntono sentido académico. Sóquero falar sobreosfactoscuriososda minha perspetiva. Queria chamar a vossa atençãoparaos eventos e fenómenos queme surpreenderam de alguma forma no Brasil.

Osbrasileiros,nodecorrerdecemanos, passaramdesde o fim doImpério, pela República Velha, Era Vargas, Período Populista eRegimeMilitar,atéà Nova República. Hoje,em 2014,no ano daCopa doMundodefutebol - a modalidade

queeles adoram -manifestamsecontra... a organização da competição nopaístropical. Parece que a paixão pelo fute­

bole o carnaval,geralmenteaclamados osfundamentosda brasilidade, não chega para se reconciliarem como quoti­ diano, bastante desanimadorparamuitos deles.

A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos são os even­ tos esperados portodo omundo. Desta vez,especialmente pelos brasileiros. O povo tinha muitas esperanças ligadas à organização dos eventos. Eram, na maioria, as expetati­ vas sociais: da melhoria do espaço público, infraestruturas, transporteurbano. Parece que muitasdelasnão sevão cum­ prirpor causa da má governação.Hoje,gostaria de me con­ centrarnesses problemas, óbviosoumenosóbvios.Começo comoóbvio.

No caminhodeTieta

Chegueiao Brasil em julho. O meudestino foi PortoAle­ gre,a capitaldo Rio GrandedoSul. Um factocurioso:apri­ meiracoisa que compreifoiodisco vinil da trilha sonorade

“Tieta”. Adorei. Por outrolado, aprimeira coisa quenotei nas ruasforam as prostitutas espalhadas pela cidade. Infe­

lizmente, nãotireifotos.Nestemomento, no ano da Copa, nopaísfalasebastantesobreo problemada prostituição en­

tre as menores.Eu queriatocar em outro temarelacionado comasexualidade, ofenómeno maisabrangente,conhecido por umagrande partedasociedade brasileira: a culturama­ chista.

Recentemente,umajornalista brasileira, NanaQueiroz, organizou em redes sociais uma iniciativa“Não mereço ser estuprada”.Em resposta, elarecebeuofensas e até ameaças pelomesmomeiodecomunicação.Issonão é surpreenden­ te. Na internet,osidiotasdiárioselevamo seuidiotismo ao nível inédito por causa dorelativo anonimato. O que é sur­ preendenteouaindachocantesão osresultados da pesquisa do IPEA divulgados noprogramaFantástico da Globones­ sa ocasião. Segundo a investigação,a maioria dos brasilei­ ros acha que as mulheres são responsáveis por seremataca­ das sexualmente.Entre3800pessoasentrevistadas em todo o país, 65% disseram que as mulheres que usam aroupa que mostra ocorpomerecemseratacadas.Aindamaisestranho é que 66% dos inquiridosnesta pesquisa eram mulheres.Se­ gundo outros dados a que os investigadores tiveram aces­ so destacaseo número depessoas estupradasnoBrasilpor ano: por volta de500 mil.

Esses são exemplosgraves,mas a influênciado machis­ mosobreo comportamento dos brasileiros é visíveltambém duranteofamosoCarnaval.Durante afolia desteano,mui­ tasmulheresforam vítimas deabordagenscriminosas,sen­ doagarradas,apalpadas e beijadas à força.

Algunsrelatoscolecionados pelaAgência Brasil emmar­

çono Rio deJaneiro:

O cara chegou e me deu uma chave de braço [técnica de imobilização no pescoço]. Não tive como sair e ele me beijou.

Se passar sozinha,os caras passam a mão,tentamenfiar odedo(navagina), beijar,isso é umfato.

Os caras não aceitam um não. Forçam a barra, usam a força,eaínão tem jeitopara te deixarem em paz.

Asecretária executiva de Políticaspara as Mulheres da Presidência daRepública,LourdesMariaBandeira, avalia:

Há avanços em uma sériededimensõesdavida, somos maioria nas universidades,há expansão das áreas de atu­

ação e de decisão, mas persiste um repertório de práticas violentas.

Ao colocaruma saiacurta ouuma roupa alegre,ela não é respeitada. Passa a ser vista em uma condição de vulga­

ridade, de mulher fácil, de objeto e a partir disso deriva a violência.

Elasublinhou também opapelda “representação de mu­ lheres em condições deobjetosexual na mídia”.

A mídia -corrompem a sociedadeousó refletem osseus desejos e satisfazemnos? É uma questão polémica e não faz parte desta apresentação, mas o sexualismo nos média desperta o interesse.O facto é que nos média brasileiros, à partedo sexo, mostrase muita negatividade. Mas não pode ser de outrojeito,visto queessa negatividade enche a vida demuitaspessoas.O povo, geralmente, nãoconfianasauto­ ridades.Porquê?

Existem muitasrazões.Doisexemplosrápidos.

Primeiro:a Chacina da Candelária. Neste episódio de 1993,oito adolescentes,moradores derua,de 11 a 19anos, foramassassinadosnocentrodo RiodeJaneiro por policiais militares.Sim,por policiaismilitares.Sem entrar em porme­

nores: no processo de julgamento, três pessoasresponsáveis foramcondenadasa 309, 243 e209anosde prisão.Contudo, hoje,20 anosdepois, os três permanecem em liberdade. Ina­

creditável,nãoé?

Segundo:três anos depois, em 1996, no estado do Pará, no nortedo Brasil, 19pessoas semterra (istoé, trabalhadores rurais quenão possuem a terra em queviveme trabalham) forammortasnumaaçãodapolícia. De novo, da polícia. Os lavradores marcharamemprotesto contra o atraso na de­ sapropriação de terras e obstruíram arodovia.Os policiais foramautorizados a atirar. 10trabalhadoresforamexecuta­ dos à queima roupa. Nalei penalbrasileira, nãoépossível punirumgrupo,pois a conduta precisa deserindividuali­ zada.Então, os policiais permanecem impunes. Sóem 2012, o coronel e omajor (os responsáveispela operação) foram presos e condenadosa228 e 158anos dereclusãopelo mas­

sacre.

É impressionante e, ao mesmotempo,chocante. Há mui­ to mais casos assim. Se vocês quiserem,podem ler na inter­ net, porquesãoosproblemas complexos.

Consequências? Sobre casosúnicos esquecese, mas não se pode fugirdosentimento geral da impunidade presente na sociedade. Portanto, o povo desconfia das instituições públicas - a polícia, tribunais, políticos.

Em casos comoesses não é necessária a narração. Já os números contama história. As estatísticas sãoimplacáveis e nãoestãoa favordoBrasil.Entre 1980e 2010 opaís regis­

trou 1,09 milhão de homicídios. Isso significa quea média anual nesse período chegou ao nível superior do número

de mortos nos conflitos da Chechênia e da guerra civil de Angola. Desde1980 até 2003 as taxas dehomicídio cresce­ ram constantemente. Passou de 11,7homicídios em 100 mil habitantesem1980para26,2 em 2010. A violênciaincide de forma muito maisintensaentre apopulaçãonegra.

À sombra das garotas de Ipanema

Algumas meses depois de Porto Alegre, visitei o Rio de Janeiro. Lá, além das praias de Ipanema e Copacabana, encontrei um problema que é comumàs maiores cidades brasileiras. Os mendigos, semteto, semabrigo, moradores derua -têm muitos nomes. Segundo os dados oficiais, há maisque 5 mil moradoresde rua na cidadedoRio e quase 15 mil em São Paulo. Visto que a Copa do Mundo está a chegar,aprefeitura do Riopretendecoibir“aprática depe­ quenos delitos” entreos semabrigo. O que issosignificana realidade?Significa que a ilustração sensual da Garota de Ipanema da música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes étrocada pela imagem dos agentes daprefeiturarecolhen­ do os semteto em vans.

Durante a ação mais recente nosbairrosdeCopacabana e Leme,nazona sul da cidade,osagentesdaprefeiturae po­ liciais militarestinhamcomo focoprincipal orecolhimento de moradores de rua. O secretário municipal do Governo, Rodrigo Bethlem, dizqueo morador deruasóé recolhido, se ele quiser. A Agência Brasil acompanhou a ação de fe­

vereiro deste anoe verificouque alguns moradores foram encaminhadosparaavan da prefeitura, para serem levados à delegacia e depoisaoabrigo, mesmosemquerer ajuda das autoridades.Naimprensaportuguesa encontrei relatos ain­

da mais curiosos sobre os semteto levados à força 10ou 15 quilómetros para ládazona turística ou sobre as substân­ ciasquímicas postas no passeio para impedirossemabrigo dedormiremno chão.

Para além disso,o Riocom o Maracanã,o estádiodafinal da Copa doMundoem julho,éameca dofutebol.Segundo o jornalistainglês Tim Vickery,quemorano Brasil háquase 20 anos,o futeboléummicrocosmose o modo de abordar o jogo revelafactosinteressantessobreasociedade. No caso do Brasil, ele notou que os torcedores apoiam o seu clube quandoeleganha,mas a maioria deles nãoassiste aos jogos quando a equipa perde.Isto, elediz, refleteumaautoestima baixa do país. Explica essa maneira de se comportar pela tentativa de evitar a humilhação, um conceito muito forte na sociedade brasileira.Fiqueicomamesmaimpressãoque Vickery.MuitosdosmeusamigosbrasileiroschamamaPo­ lónia, umpaís “do primeiromundo”. Isso pareceengraça­ do para mim, acostumado a queixas constantes dos meus compatriotas que vão ao estrangeiro embuscadetrabalho.

Mostra tambémqueo país tem muita potencialidade, mas os seus habitantes ainda se sentem inferiores e atrasados emcomparaçãocomaEuropa.

O amorredescoberto

Passei o último mês da minha estada na América do Sul na maior cidade do continente, São Paulo. É normal queuma cidade deste tamanhotenha suas peculiaridades.

Eu,porém,gostaria de usar SãoPaulopara generalizarum

14 1

(10)

EM BUSCA DO AMOR PERDIDO - UMA PERSPETIVA SUBJETIVA SOBRE A BRASILIDADE

pouco sobre oBrasil. A capital paulistafoi provavelmente o maior palcodasmanifestações de junho 2013 espalhadas portodoopaís. O motivo oficial dosprotestosfoioaumen­ todopreço dos bilhetes detransportecoletivo.Talvez fosse umpretexto para expressar a indignaçãogeral. O sentido de oportunidade provocado pela Copa das Confederações e a atençãodomundodeixaram exercerpressãosobreo gover­

no. Este ano, aconteceram protestos demenorescala contra a organização da Copa.

Nos últimos meses, nasceu também um fenómeno dos chamados rolezinhos, isto é, encontros de centenas de jo­

vens da periferia em shopping centres. Os encontros são marcados por meio de redes sociais e interpretados pelos sociólogos como uma manifestação dadesigualdade social e racial no país. Da desigualdade que eunotei já no dia da grevegeral em PortoAlegre. Da desigualdadesimbolizada pelos semabrigo que ocuparamnesse dia as portasde ban­

cos, lugares que ao longoda semana sãopontos de encontro da elite financeira. Da desigualdade sublinhada pelos slo- gansrebeldespintados nosmuros de instituições públicas.

Essasobservaçõesfacilitampercebero êxitodas músicas como “Não existe amor em SP”. A composição do artista paulistaCriolo, premiadae elogiadapor muitoscríticos, ex­

plica a situação em todoopaís. O autor não toca no assunto doamorromântico, antes retrataa falta de cidadania,indi­ ferença em relação aos outros.

A minha perspetivaé, comcerteza, limitada.Mas, mes­

mo assim, poderia falar de muitas outras coisas, outros aspetos dabrasilidade.Comecei com estupros, passei pela violência: chacinas, massacres, pela pobreza, autoestima baixae chegueià desigualdade. Pode parecerquesójuntei osassuntosexploradospelosmédia para acusar e condenar o Brasil. Mas: não.Não atacooBrasil, não souinimigo do Brasil. Pelo contrário, eugostaria devoltar lá nofuturo.

ComoMarcelProust disse:

Overdadeiroato dedescobrimento nãoconsiste em sair em busca de novas terras, mas sim aprender aver aterra que já nos é conhecida com novos olhos.

Por isso, vale a penavisitaroBrasil e vale apena pen­

sar no Brasil. Nunca acrediteinosavisos que consideravam o Rio ou SãoPaulo as cidades diabólicas onde reinavam a violência e o estupro.Pessoalmente, sentimeseguro láe não sofri nenhumprejuízo. Contudo, nãose pode marginalizar ou aindacompletamente ignorar os problemas que estão enraizados naestrutura social e sãocadavezmaisóbvios.

Sãoos problemasque sepodemvencer. O que falta?Na minha opinião, o que os brasileiros procuram noseu diaa dia é oamor:amorde si mesmos e deoutros. Claro, oamor sozinho não resolve todos os problemas. Mas talvez um dia, osentimento, sendo acordado pouco a pouco,prevale­ ça, como nas telenovelas,e, comoTietame levouaoBrasil, o amor leva todaa gente a agir, a lutar por sua causa. A CopadoMundo e os Jogos Olímpicos podem afetar profun­ damente o país, mas não graças aosfeitos heroicosdos go­ vernadores. Pelo contrário, porcausadafaltade atividade construtiva e doabusodo poder pelos governantes opovo

pode decidir quejá basta. Chegou a hora de redescobrir o amor.

Na minha busca pessoal,encontrei no caminho deTieta oamor.Apaixoneime pelabrasilidade. Pelo conceito elusi- vo que duranteestaapresentaçãonuncadefini. Porque não sei definir.Sótenhoimpressão que a brasilidade tem algoa ver comoutraidade: humanidade. Então, apesar das con­ trariedades, sete meses noBrasil nãoforamotempoperdi­ do. Espero quedaperspetiva subjetivade vocês os últimos 20 minutostambém não tenham sido. Acabou a apresenta­ ção. Sóesperoqueoamor nãoacabe.

Referências bibliográficas:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitoshumanos/noti- cia/201402/prefeituradoriorecolhemoradoresderuaemacao- paracoibir

http://cmais.com.br/noticiasjornalismo/carnavalepalco- paracenasdeabusosexualnorio

http://globotv.globo.com/redeglobo/fantastico/v/pes- quisarevelaquemaioriaachaquemulherderoupacurtamere- ceseratacada/3249143/

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noti- cias/2011/12/111214_mapaviolencia_pai.shtml

http://www.bbc.com/sport/0/football/24709049 http://www.bbc.com/sport/0/football/25621466

http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/

SIPS/140327_sips_violencia_mulheres.pdf

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/

upload/chamadas/censo_1338734359.pdf

http://www.sabado.pt/SpecialPages/Print.

aspx?printpath=/Arquivo/UltimaHora/Mundo/RiodeJaneir otemmaisdecincomilpessoasaviv&classname=Article.News

Bartosz Suchecki-estudante doterceiroanodeEstudos PortuguesesnaUniversidade Marie CurieSkłodowska em Lublin. Bolseiro do programa Erasmus na EscolaSuperior de Educação em Lisboa(2012) e intercambista na Universi­ dadeRegionaldoNoroestedoEstadodoRio Grandedo Sul emIjuí (2013).

rRL ' ■ ’ ■ / ' \ 7\ * „•V • ■*• •

-' “ jffiÉfí 'vi 1

JL-

*v TOx*

ÍA

-> -V ' /'Vi . \< l I' :- • •’ ' ' -

1,

' ■1

ŁT

1

- Z/ y >< -

, A. >.

Cytaty

Powiązane dokumenty

O BATEAU IVRE DE ARTHUR RIMBAUD E A ODE MARÍTIMA DE FERNANDO PESSOA COMO DOIS CAMINHOS PARA ATINGIR A SENSAÇÃO TOTAL - 2.. Karolina Skalniak - Universidade de

A maioria das pessoas que tiveram este ” prazer ” duvidoso de visitar os serviços académicos contam histórias de encon ­ tros desagradáveis: que as pessoas que

Desde que aí cheguei senti-me acolhida com muito amor por todos e todos tinham uma disponibilidade enorme para qualquer coisa que precisássemos...nunca me senti tão

Być może właśnie dlatego hiszpański tłumacz zdecydował się pozostać wierny normom języka hiszpańskiego i w przekładzie zdecydował się nazywać Śmierć La Muerte i używać

Como é possível que um livro de ação que decorre em Portugal nos anos 30 do século passado, que além disso, conta a história muito particular daquele momento, se tornou

Nesse sentido, o historiador argentino Os- valdo Coggiola (2015, p. 76), chama atenção para o fato de que com o avanço da guerra e a demanda crescente por mão de obra, o trabalhador

Abstract: We apply a phase retrieval algorithm to the intensity pattern of a Hartmann wavefront sensor to measure with enhanced accuracy the phase structure of a Hartmann hole

Hasła uszeregowane są w kolejności alfabetycznej według nazw ulic, przy których znajdują sią wybrane obiekty.. Jeśli przy danej ulicy znajduje się kilka obiektów