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Os Gestos de Leitura – Escritura em uma Perspectiva Discursiva

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Academic year: 2021

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Ercilia Ana Cazarin

Os Gestos de Leitura – Escritura em

uma Perspectiva Discursiva

Lublin Studies in Modern Languages and Literature 32, 148-161

2008

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LITERATURE 32, 2008, h t t p://w w w .l s m l l .u m c s .l u b l i n . p l

Ercília Ana Cazarin

Gesualda de Lourdes dos Santos Rasia

UNIJUI, Ijui, Brasil

Os Gestos de Leitura -

Escritura em uma Perspectiva Discursiva

O p re se n te estu d o é fruto de d o is tra b a lh o s de p esq u isa q ue se o cu p am co m q u e stõ e s re la c io n a d a s às p rá tic a s de leitu ra e de e sc ritu ra na p e rsp e c tiv a da A n á lise do D isc u rso (A D ). C o n sta ta m o s que, ap esar d as e sp e c ific id ad e s de foco, am b a s a p re se n ta v am u m p o n to de c o n v erg ên c ia. U m a de n ó s 1 p e sq u isa com o se c o n stitu i o g esto de le itu ra -e sc ritu ra a p a rtir d a a n á lise de u m a p rá tic a a p lic a d a a alu n o s do E n sin o M éd io . O u tra a n a lisa em q ue co n siste o le tram en to d ig ita l e com o ele se m a te ria liz a n o s g e sto s de le itu ra -e sc ritu ra no cib eresp aço . P ara n ó s fic o u fo rte m e n te m a rc a d a a q u estão da fra g m e n ta çã o das in fo rm a ç õ e s e d o s lim ites n a (re)co n stitu ição d o s se n tid o s de fatos atu ais. O p ú b lico alv o co n siste em jo v e n s im e rso s n a era d ig ital e que im a g in á v a m o s d isp en d e rem sig n ific a tiv a p arte de se u te m p o d ian te da te la do co m p u tad o r. A q u e stão q ue co lo cam o s, então, fo i n o s p e rg u n ta r em q ue m e d id a o c o n tato co m a s te c n o lo g ia s d ig itais teria ou n ão p a rc e la de re sp o n sa b ilid a d e no e m p o b re c im e n to d o s p ro cesso s de le itu ra -e sc ritu ra , por p arte d o s jo v e n s , a p a rtir de u so s qu e n ão

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estão e fe tiv a m e n te v o lta d o s p a ra p ráticas de le tra m en to . P ara b u scar re sp o sta s a essa in d ag ação , n o s p ro p u se m o s a c o lo c a r em d iálo g o n o ssa s p esq u isa s e a a p lic a r ju n to a o s a lu n o s u m a en q u e te n a q u al b u sc a m o s m a p e a r os m o d o s de in serção em re la ç ã o à s te c n o lo g ia s d ig ita is p o r p arte dos e stu d a n te s q u e h a v ia m p a rtic ip a d o da p rim eira eta p a de u m a das p e sq u isa s re c é m re feren ciad a.

L e itu ra /e sc ritu ra n a p e rsp e c tiv a da A D

P ê c h e u x (1981) escrev e que “é n as o p e ra ç õ e s de reco rtar, de extrair, de d eslo car, de c o n fro n ta r q ue se c o n stitu i o d isp o sitiv o m ais p a rtic u la r de le itu ra ”. N o n o sso p o nto de v ista, essas o p e raçõ es ta m b é m fu n c io n a m no p ro cesso de escritu ra. O su jeito , ao tex tu a liz a r o q ue p a ra ele a p arece com o sen d o a in te rp retação , n a fu n ção -au to r, co lo ca-se d ian te da d isp ersão do já - d ito , co n fig u ran d o se u tex to de a c o rd o os sa b e re s d a p o siç ã o -su je ito em qu e se in screv e, a in d a que disso n ão se dê conta. C o n v iv e m a í os c am p o s d a h istó ria, d a lín g u a e do in co n scien te sem fro n te ira s fixas, e o su jeito , n a fu n ção -au to r, é a fe tad o pela p ro jeç ão im a g in á ria qu e ele faz de si, do o u tro e do lu g a r

so c ia l em q ue está inscrito.

T e m o s p re se n te tam b é m o q ue n o s en sin a D e rrid a (1991) n a F a rm á c ia de P latão (p. 7) - “se h á u m a u n id a d e d a le itu ra e da escritu ra, co m o h o je se p en sa facilm en te, se a leitu ra é a escritu ra, esta u n id a d e n ão d e sig n a n em a c o n fu sã o in d ife re n c iad a n em a id en tid ad e de to d o re p o u so ; o é que u n e a leitu ra à e sc ritu ra deve d e s c o s ê -la s ”. E n te n d e m o s q ue o a u to r e stá a n o s p ro p o r a p e n sa r a le itu ra e a e sc ritu ra com o p ro c e sso s d istin to s, m as de tal fo rm a in trin c a d o s que n o s levam , co m o ele p ró p rio escreve, a c o n ceb ê-lo s “n u m só gesto, m as d e s d o b ra d o ”.

N a p e rsp e c tiv a d isc u rsiv a, o m o d o de d izer não é in d ife re n te aos se n tid o s e “to d o o d iscu rso se in sta u ra em u m e sp aço de ten são en tre a siste m a tic id a d e da lín g u a, a h isto ric id a d e e a in te rd isc u rsiv id a d e ” (M aldidier, 1992, p.18). P a rtin d o d esses p re ssu p o sto s, n e ste texto, p ro c u ra m o s e x p lic ita r co m o o lu g a r so c ia l (posição-sujeito) em que estão in sc rito s a q u e le s que e screv em a fe ta o p ro cesso de escritu ra. E x p lic a m o s com o e sta m o s en te n d e n d o a s n o ç õ e s de e sc rita e de

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escritu ra. A p rim e ira está sen d o to m a d a co m o o p ro cesso de le g itim ação e tra n sc riç ã o d a língua, m ais p re cisam en te, de u m a v a rie d a d e lin g ü ístic a de p re stíg io q ue se a p re se n ta com o p re te n sa m e n te h e g e m ô n ic a (G allo, 1992). E sc ritu ra está sen d o c o n c e b id a co m o g esto de in te rp re tação do su jeito que, q u an d o do p ro ce sso de in te rp retação , e p o ste rio r (re)tex tu alização , a p resen ta-se co m o re sp o n sá v e l por a q u ilo q ue escreve.

O s g e sto s de le itu ra /e sc ritu ra com o p rá tic a s de letram en to

A n o ção de letram en to , d esen v o lv id a, no B rasil, in ic ia lm e n te p elas a u to ra s L e d a T fo u n i, M a g d a S o a re s e  n g e la K le im a n 2, fu n d o u te rritó rio p o lítico d ian te da n e c e ssid a d e de u m c o n ceito distin to de a lfab etização . “E n q u a n to a a lfa b e tiz aç ã o se o c u p a da a q u isição da e sc rita p o r u m in d iv íd u o , ou g ru p o de in d iv íd u o s, o le tram en to fo c a liz a os asp e c to s só c io -h istó ric o s da a q u isiç ã o de u m siste m a escrito p o r u m a s o c ie d a d e ” (T founi, 1995, p.20). A a u to ra acre sc e n ta qu e “em u m a v isã o d ia lé tic a (o letram ento) to rn a -se u m a c a u sa de tra n sfo rm a ç õ es h istó ric a s p ro fu n d a s (...)” (op.cit).

A im p licação da d im en são so c ia l n a ab o rd a g e m do letram en to lev a a p e n sa r so b re as n u a n c e s q ue a so c ie d a d e d ig ita l im p rim e p a ra as p rá tic a s de le itu ra e de e sc rita e so b re os m o d o s de re la c io n a m en to dos su je ito s com a leitu ra e a e sc rita n esse co n tex to . O d o m ín io da té cn ica de e sc rita g rá fic a não foi su fic ie n te p a ra to rn a r os su je ito s letrad o s, daí a d esig n a ç ã o letra m en to , em co n tra ste a a lfa b etiza çã o . Isso n o s lev a a p e n sa r as d im e n sõ e s q ue a ssu m e a in se rç ã o d o s su je ito s (ou não) n a c o n d ição de le tra d o s d ig itais. T fo u n i (1995) c h am a aten ção , no âm b ito d a d iscu ssão d a te c n o lo g ia de e scrita im p re ssa co n v en cio n al, p ara o fato de q ue n ão h á su je ito s iletrad o s, m a s sim le tra d o s em d iferen tes graus, d ado que, em u m a so c ie d a d e que tem escrita, os su jeito s co n se g u e m ler, a in d a que m in im am en te, ró tu lo s de p ro d u to s, sím b o lo s

2 Refiro-me às obras Alfabetização e letramento, de Leda Tfouni (1995); Letramento:

um tema em três gêneros, de Magda Soares, publicada pela Autêntica, em 2003; e Significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita, de

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gráfico s, céd u las de d inheiro, e n tre o u tro s su p o rte s de escrita. Se p en sa rm o s, no en tan to , no â m b ito d as te c n o lo g ia s d ig itais, esse c e n ário m uda. E m qu e p ese a rá p id a m u ltip lic a ç ã o de o fe rta e p ro cu ra de su p o rte s te c n o ló g ic o s p a ra e scrita e co m u n ic a ç ão em geral, sig n ific a tiv a p a rc e la d a p o p u la ç ã o b ra sile ira a in d a n ão tem a c e sso a e sses m eios, por ra z õ e s eco n ô m icas. V a le d izer q ue o não a c esso se to rn a, em a lg u n s casos, sim u lta n e a m e n te , ca u sa e e feito do d e sc o n h e c im e n to to tal d o s m o d o s de o p e ra c io n a liza ç ã o das re ferid as tecn o lo g ias.

N ã o o b sta n te o c a ráter e c o n ô m ic o -p o lític o qu e a ssu m e a m á d istrib u iç ã o do a c esso à in tern et, p a u tam o s o u tra fa ceta da m esm a q u estão , n a e ste ira d a d iscu ssão em to rn o do le tram en to d ig ita l: em que m e d id a o su je ito é m a is ou m e n o s letrad o com re la ç ã o ao uso d essa s te c n o lo g ia s? A ssim co m o sa b e r ler e e sc re v e r n ão im p lica n e c e ssa ria m en te u m alto g ra u de letram en to , sa b e r o p e ra r um c o m p u tad o r, u tiliz a r p ro g ram as co m o o w o r d ou n a v e g a r n a in tern et n ão é sin ô n im o , no n o sso p o n to de v ista, de se r letrad o digital. p rim e ira m e n te , p o rq u e essa q u estão , d en tre outras, im p lic a g rau s d ife re n te s de co n h e c im e n to e d o m ín io das ferra m e n tas citadas. M as, m a is im p o rta n te que isso, p orque, no n o sso p o nto de v ista, se r um su jeito d ig italm en te letrad o c o rresp o n d e a se r c a p az de re fle tir sobre os d e slo c a m e n to s qu e esse ta l d o m ín io p ro v o c a n a re la ç ã o co m o c o n h e cim en to , com a p ro d u ção de leitu ra e escrita, b a sica m en te.

P ara M ich el P êch eu x , filó so fo ao q u al se trib u ta o fu n d am e n to da A D , é fu n d a m e n ta l p e n sa r o p ro ce sso de e sc ritu ra com o g esto , para além d a n o ç ão de in stru m en to . A partir d o s re fe re n cia is d essa teoria, o su jeito , em su a s d ife re n te s p ráticas, n ão é dono do se u dizer, m as afe ta d o p e la s d istin ta s h isto ric id a d e s em q ue e stá im erso , isto é, pela p o siçã o só c io -h istó ric a em q ue se in screv e em u m d e term in a d o co n tex to .

E m ra z ã o d isso, m ais q ue u m a lin g u ag em , co n sid e ra m o s a e scrita d ig ita l co m o u m a d isc u rsiv id a d e , n a e ste ira do p e n sa m en to de C h artier (2002), o q u al d e fen d e a irru p ção de u m a n o v a ordem , n a m e d id a em que, se g u n d o ele, o m u n d o eletrô n ico p ro v o c a u m a tríp lic e ru p tu ra : p ro p õ e u m a n o v a té c n ic a de d ifu são da escrita, in c ita u m a n o v a

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re la ç ã o com os tex to s, im p õ e -lh e s u m a n o v a fo rm a de in s c riç ã o ” (p.21-22).

T a is fo rm as de in scrição te c e m lu g ares de p e rte n c im e n to e de ex clu são , ou ain d a lu g a res fro n teiriço s, em cu ja b o rd a os su je ito s se situ am . E sse s lu g a res in sta u ra m -se a p a rtir de u m a o u tra red e, tra m a d a p e lo s fio s de u m a m e m ó ria qu e n ão é co g n itiv a e n em cro n o ló g ica, m a s lacu n ar, ca ra c terístic a d a m e m ó ria so c ia l q ue se re ssig n ific a nas d ife re n te s a p ro p ria ç õ es e d e slo c a m e n to s d e se n h a d a s n o s lu g ares onde e n u n c ia d o s e sa b e re s se estab ilizam .

N o ssa h ip ó te se é que a e sc rita digital, n ão raro, é lu g a r d a escrita o rd in á ria com sim u la c ro de criação , e por isso esp aço de su b jetiv ação , ilu só ria, é certo, p o rq u e se d á ao su jeito sob a fo rm a de p le n itu d e de criação . P o r se r o cib e re sp a ço o lu g a r o nde os su je ito s p o d em ser “to d o s e n e n h u m ”, fica o p a c ificad o o fato de q ue eles se in serem em u m a c a d e ia de d iz eres p ré -co lo cad a, com có d ig o s g rá fic o s e fo rm as p ró p ria s de fu n c io n am e n to . T a is c ó d ig o s e fo rm as são, talvez, m a te ria lid a d es que fo rn eç am p ista s p ara se p e n sar p o ssib ilid a d e s de ru p tu ra n a re la ç ã o do su je ito co m o p ro cesso de escritu ra, ou m esm o se u in v erso , a c o n stitu iç ã o do esp aço do re p e tív e l tra v e stid o de no v id a d e.

O su je ito q ue escrev e no c ib e resp aço h a b ita o en tre m e io q ue resid e n a fro n te ira en tre o a n o n im a to e o u n iv ersal. A c o n d ição para c e rtificaçã o d e ssa e sc rita é o o lh a r outro, o lh ar resp o n siv o . C la ro que o tex to im p resso c a n ô n ico ta m b é m se im p õ e so b a ég id e do o lhar o u tro p a ra e sta b e le c er-se n a so cied ad e. N o en tan to , o tex to d ig ita l não g o z a d a esta b ilid a d e m ate ria l q ue te m o tex to im p resso . S e u sig n o in icia l é a perda, a au sên cia, ou p resen ça-au sen te.

O s d ize res lin e a riz a d o s no c ib eresp a ço c o n stitu e m -se so b o efeito de u m a a p a re n te d isp ersão , com o se não se v in c u la sse m a u m a re fe rê n cia m aio r, co m o se ca d a u m fo sse au tô n o m o p a ra d izer o que b e m en te n d e sse e d a fo rm a co m o d esejasse . P orém , ta l n ão se d á de m o d o tão a b so lu ta m e n te d isp e rso assim . A o co n trário , p ré-ex istem d o m ín io s de sa b e re s a o s q u ais os su je ito s id en tific a m -se e a p a rtir dos q u a is e n u n ciam /escre v em .

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S e r letrad o digital, n e ssa p ersp ectiv a, co n siste, p ara nós, na c a p a c id ad e (m aior ou m enor) de o su jeito in te rn a u ta re c o n h e c e r as p o ssib ilid a d e s de b u sc a em d ife re n te s sítio s e as im p lic a ç õ e s de re sp o n sa b ilid a d e n o s g e sto s de esc o lh a e de re jeição q ue faz em re la ç ã o a u n s e a o utros, no se n tid o de en te n d e r que, d esse m odo, está se filian d o a alg u m a s re d e s de sig n ific a ç ã o e re je ita n d o outras. A p o ssib ilid a d e de fazer em e rg ir a d ife re n ç a e p o sic io n ar-se d ian te dela e stá re la c io n a d a à su a co n stitu iç ã o co m o su je ito leito r (R asia 2008).

A m e to d o lo g ia p ro p o sta p ara a p rim e ira etap a d a p e sq u isa foi a de ap re sen tar, sem d iscu ssã o p ré v ia 3, u m a m e sm a c h a rg e 4 a p a rtir da qual o su je ito -le ito r foi d esafiad o a escre v e r u m tex to , no fu n d o , a te x tu alizar, de fo rm a escrita, su a le itu ra /in te rp reta ç ã o .

A c h arg e

A ch arge, o b jeto de leitura, foi p u b lic a d a pelo Jo rn a l Z ero H ora, n° 15536, em 10 de m arço de 2008, n a co lu n a de M arco A u rélio (p.3). E sta v a fo rte m e n te re la c io n a d a às n o tíc ia s v e ic u la d a s n a m ídia, so b re a in v a sã o do te rritó rio e q u a to ria n o pelo g o v ern o da C o lô m b ia, em 01 de m arço de 2008. F a to esse q ue d e se n c a d e o u o co n flito d ip lo m ático en tre C o lô m b ia e E q u ad o r, no qual, o g o v ern o d a V e n e z u e la tam b ém a c a b o u se en v o lv en d o . U m a c h arg e en tre la ç a fo rte m e n te o h u m o r e o

p o lític o e, c o n fo rm e R a b a ç a (1995), o b je tiv a a c rítica h u m o rístic a de

u m fato ou ac o n te c im en to esp ecífico , em g e ra l de n a tu re z a p o lítica. A o s o lic ita r ao s a lu n o s q ue escrev am a p a rtir de to d o e q u alq u er g ê n e ro textual, e stam o s ta m b é m so lic ita n d o a leitu ra e a in terp retaçã o do m esm o (C azarin, 2008). O q ue d ifere é que, no p ro ce sso de escritu ra, o tex to p recisa ser “d e sc o n stru íd o ” a tra v é s d a le itu ra para, a

3 Essa atitude de não discutir previamente o texto usado para a leitura/interpretação foi proposital e teve como preocupação central a não interferência no ponto de vista dos sujeitos da pesquisa.

4 Charge é uma representação pictórica, de caráter burlesco e caricatural, em que se satiriza um fato específico, em geral de caráter político e que é do conhecimento público (Rabaça, 1995).

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p a r tir d iss o , s e r (re )te x tu a liz a d o d e f o rm a a p r o d u z ir u m e fe ito te x to 5 c o m in íc io , p r o g re s s ã o , n ã o - c o n tr a d iç ã o e c o n c lu s ã o . E is a c h a rg e .

Imagem 1: Charge política (http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora).

E sta m o s p ro p o n d o re fle tir so b re o p ro cesso de escritura, p rio riz a n d o a se g u in te q u e stã o : se a leitu ra e a in te rp reta ção são co n c e b id a s com o g esto s, c ap a zes de p ro v o c a r u m no v o v ir a s e r , o que h a v e ria de co m u m en tre essas n o ç õ e s e o p ro cesso de esc ritu ra ?

N o p rim e iro m o v im en to de an álise, ex a m in a m o s v in te te x to s p ro d u z id o s por u m a tu rm a de a lu n o s do E n sin o M éd io - 3°. ano, com id a d e en tre 16 e 19 anos, de a m b o s os sex o s, de u m a e sc o la pública, fre q ü e n ta d a p o r a lu n o s classe m éd ia. A p a rtir d a le itu ra /a n á lise dos

5 Efeito-texto porque, em análise do discurso, temos presente a incompletude do texto e do discurso, tanto no sentido de que textos se constroem a partir do já-dito, como apontam para seu vir a ser.

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re fe rid o s textos, foi p o ssív el c o m p re e n d e r a re g u la rid a d e ex isten te en tre certo s e n u n ciad o s, os q u ais n o s co locam , co m o e screv eu F o u c a u lt (1972), d ian te de u m a m e sm a fo rm ação d isc u rsiv a (FD ). D o s v in te te x to s a n a lisad o s, d e zo ito d eles ap re se n ta m a id é ia de q ue H u g o C h á v e z 6 ex e rc e ou q u er e x ercer o d o m ín io so b re o B rasil, ou so b re a A m é ric a do S u l ou, até m esm o, so b re p a íse s d a A m é ric a C e n tral - no caso citado, C uba. O s su je ito s d a p esq u isa assu m e m u m “lu g a r s o c ia l” c o n trário à s id é ias de H u g o C h á v e z e, n e sse sen tid o , co m p re e n d e ra m e se id e n tific a ram com o g e sto in te rp re ta tiv o do p ro d u to r da charge, a q u a l a p re se n ta p arte de u m ch av eiro q ue e staria se g u ra n d o o m a p a da A m é ric a L a tin a e, ao lado, escrito “C h a ’v e z " que, p a ra o leitor, co n stitu i-se com o p alav ra, p o is re p o rta a um a sig n ific a ç ã o id e n tific á v e l n o m u n d o d a s id é ia s7. S u b lin h a m o s q ue esse tex to , com o

n ã o p o d e ria d e ix a r de ser, refle te a p o siç ã o -su je ito em q ue seu au to r e stá in scrito , m a s n ão é esse n o sso fo co de an álise. O qu e n o s in teressa o b se rv a r é com o, a p a rtir d a leitu ra /in te rp reta ç ã o d a charge, os a lu n o s p ro d u z ira m n o v o s efe ito s-te x to s e q ue se n tid o s aí aflo ram . Q u an d o fa lam o s em e feito -tex to , estam o s rem e te n d o p ara a in c o m p le tu d e do tex to ou do d iscu rso q ue se m p re j o g a co m o p a ssad o e a p o n ta p a ra um n o v o devir.

O s e n u n c ia d o s se le c io n a d o s p a ra a an á lise a testam a reg u la rid a d e re c é m re fe rid a e são re p re se n ta tiv o s do d iscu rso d a tu rm a de alunos. N o ssa co m p re e n sã o é a de q ue esses a lu n o s estão in scrito s em u m a m e sm a FD , ou seja, a que a b rig a sa b e re s o p o sto s à s id é ia s de H ugo C h ávez, d aí e sse efeito de re g u la rid a d e en u n ciativ a. E m A D , é co n sen so q ue u m a FD é re su lta d o de u m rec o rte do in te rd isc u rso e se c o n stitu i de sa b e re s q ue v ê m se a b rig a r em u m a m e sm a re g ião de sab er, fazen d o “e c o a r” d isc u rso s j á d ito s, isto é, re to m a n d o e n u n c ia d o s j á fo rm u la d o s em o u tro lu g ar e em o u tra c o n ju n tu ra

6 Hugo Rafael Chávez Frías

7 Entendemos, a partir de Mattoso Câmara (1991), que “Chá-vez” se trata de uma recriação operada a partir do vocábulo “Chávez” - o autor, dadas as características do texto, segmentou o mesmo pelo uso do apóstrofo.

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h istó ric o -so c ia l, in d ican d o , p o rtan to , qu e se m p re j á h á discurso, e x te rio r ao su jeito . C o n fo rm e esc re v e F o u c a u lt (1972, p. 43-51), u m a F D co n stitu i-se de en u n c ia d o s disp erso s, m as m a rc a d o s p o r certa re g u la rid a d e de sab eres. U m a F D re p resen ta, p ela lin g u ag em , a id e o lo g ia q ue lhe su b ja z e d e te rm in a aq u ilo q ue o su jeito p o d e, d eve e

c o n v é m dizer, m as ta m b é m aq u ilo q ue ele n ã o p o d e , n ã o d e v e o u n ã o c o n v é m dizer, a in d a q ue disso ele n em se dê conta.

Isso n ão sig n ific a q ue n e la os d izeres sejam h o m o g ê n e o s, po is su as fro n te ira s são in stá v eis e p o ro sas, daí a p o ssib ilid a d e de d iferen ças in tern as, p o ssív e is p ela e x istê n c ia de d istin ta s p o siç õ e s-su je ito qu e se d ife re n c iam n a m a n e ira de se re la c io n a r com a fo rm a-su jeito . É in te re ssa n te e n te n d e r a h e te ro g e n e id a d e d isc u rsiv a aí p resen te. A m e sm a p o d e se r a p re e n d id a p ela e x istê n c ia de d ife re n te s p o siçõ es- su jeito . N o caso, no m ín im o , d u a s estão a í presen te s. N o sso d ese jo é d e m o n strá-la s, re la c io n a n d o -a s ao im a g in á rio q ue os alu n o s tê m so b re C hávez.

Tabela 1: Quadro síntese das posições-sujeito representadas nos textos

Posição-sujeito 1 - Chávez é ... Posição-sujeito 2 - Chávez é ...

um louco muito corajoso

alguém com esperteza muito esperto e corajoso uma força negativa na AL um presidente revolucionário Autoritário o “Napoleão Bonaparte americano” esquerdista, totalitário e populista Idealista

alguém que tem mania de falar demais um homem inteligente um grande ditador e um dos mais

polêmicos

um presidente que mantém o apoio popular

E ssa s d u as p o siç õ e s-su je ito recém a p re se n ta d a s n o s lev am à c o m p re e n sã o de q ue a p ro d u ção e sc rita é a tra v e ssa d a pelo im ag in ário do su je ito qu e escreve. N esse im ag in ário , su b ja z a id e o lo g ia co n stitu tiv a do d izer/escrev er. N a e ste ira de S e rc o v ic h (1977), sa lie n ta m o s q ue o im a g in á rio d iscu rsiv o n ã o se e x p lic a a tra v é s de u m a

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d e te rm in a d a realid ad e , e sim co m o se d e riv a n d o de d ete rm in a d o s in te re sse s so ciais. E sse im a g in á rio d o s a lu n o s é a p re e n d id o pela m a te ria lid a d e lin g ü ístic a dos te x to s n o s q u ais se m a n ife sta o político, e n te n d id o com o as re la ç õ e s de fo rç a s p resen tes n a a tu a l co n ju n tu ra h istó rico -so cial.

E m b o ra to d o s os a lu n o s e stejam in sc rito s em u m a m e sm a FD , o im a g in ário q ue eles têm do p re sid e n te C hávez, b ifu rca-se: u m g ru p o o “v ê ” ta m b é m co m q u a lid a d e s p o sitiv as, e o outro, a p e n a s com c a ra c terístic a s n eg ativ as. E ssa d ife re n ç a a te sta a não h o m o g e n e id a d e de d izeres. O su je ito -a lu n o reco rre, p elo v ié s do in te rd iscu rso , a u m j á

d ito , do âm b ito d a m e m ó ria d isc u rsiv a que, de certa m an eira, tem

relaçã o com a h istó ria de leitu ra de cad a su jeito . O in terd iscu rso ab rig a, de fo rm a d isp ersa, en u n c ia d o s j á d ito s e a d ize r e, c ad a aluno, n a fu n ç ão -au to r, elege, a in d a q ue disso não se dê conta, alg u n s en u n c ia d o s e n ão o u tro s p ara p ro d u z ir se u tex to . N o caso em análise, em u m a m e sm a FD , d u as p o siç õ e s-su je ito se d iferen ciam . É n esse se n tid o q ue o in terd isc u rso fu n c io n a co m o o lu g a r d o outro, com o esp aç o de la tê n c ia de se n tid o s e, ao m esm o tem p o , co m o esp aço la c u n a r que p erm ite d ife re n te s g e sto s de in te rp retação ; isso tam b ém v a le p a ra a FD . E m sín te se, p a ra fra sea n d o O rlan d i (1996), en ten d em o s qu e o p ro ce sso de e sc ritu ra é d e term in ad o pelo im a g in á rio do su jeito qu e o se c o n stitu i em u m p ro cesso h istó ric o de in te rp re ta çã o e de d isp u ta n a p ro d u ç ão de sen tid o s.

Q u e efeito s de sen tid o aí em e rg em ?

A re g u la rid a d e d o s en u n c ia d o s d estacad o s, de u m a ou de o u tra m an eira, fazem re la ç ã o a H u g o C h áv ez, p re sid e n te d a V en ezu e la, com o sen d o a lg u é m qu e tem com o p rin c ip a l o b jetiv o d o m in a r o B rasil, a A m é ric a L atin a, etc. C a b e re g istra r q ue a m a io ria d o s alu n o s leu o texto: a) a sso cia n d o “C h á ’v e z ” a H u g o C h á v e z e ev id en cian d o d o is p aíses - V e n e z u e la e B rasil; b) citan d o escassa m e n te ou tro s p aíse s com o U ru g u ai, C o lô m b ia, E q u ad o r, A rg en tin a , não raro, de fo rm a eq u iv o ca d a; c) sile n c ia n d o os d em ais p aíses. N esse sen tid o , se lem o s b e m o qu e esc rev e O rla n d i (op. cit. p.34), o sile n ciam en to se m p re é a c o m p a n h a d o de u m m o v im e n to de sen tid o s, se n d o assim ,

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no caso em q u estão , qual(is) se n tid o s e stariam a í sen d o m o v im e n ta d o s?

E m re la ç ã o ao s e n u n c ia d o s te x tu aliza d o s, ficam o s a n o s p e rg u n ta r: se ria a p en a s a c h arg e o fe re c id a à leitu ra q ue e staria p o ssib ilita n d o a e m e rg ê n c ia dos m e sm o s? P o ssiv e lm e n te , não, p o is o fato de o referid o tex to co n stitu ir-se de u m a im ag em e da p a la v r a - “C h a ’v e z ” -, n ão su ste n ta to d a s as id éia s a p re se n ta d as n o s tex to s. S ab e n d o q ue “um tex to é u m a p eça de lin g u a g e m de u m p ro c esso m u ito m ais a b ra n g e n te ” (O rlandi, op. cit., p.61), en ten d em o s qu e a e m e rg ê n c ia d esse s en u n c ia d o s é p ro d u to de g e sto s de in te rp re ta çã o qu e se e fe tiv a m n a relaçã o do su je ito -a u to r c o m a m e m ó ria so c ia l (m em ória d iscu rsiv a). E n treta n to , re sta sa b e r o qu e le v aria os alu n o s, em sua g ra n d e m aio ria, a não co n se g u ire m re la c io n a r a ch arg e c o m o c o n flito d ip lo m á tic o C o lô m b ia / E q u a d o r de m a n e ira co n sisten te. P ara e x e m p lificar, a lg u m a s in c o n sistê n c ia s re p re se n ta tiv as das d e m a is: a) “H á p o u co tem p o n o s n o tic iá rio s da T V , e jo rn a is , m o straram co n flito s en tre V en e z u e la, B o lív ia e U ru g u a i...” T1; b) “... A p ó s C u b a p erd e r o se u líd e r F id e l C astro ,... ” T 2. O b se rv e m o s esta p assag em re la c io n a d a à h istó ria do B rasil - “... N o sé c u lo X IX (...) a q u i no B rasil in ic ia v a a d ita d u ra m ilita r...”T 4; etc.

P e rc e b e m o s o esfo rço d o s a lu n o s em tra z e r in fo rm a ç õ e s re la c io n a d a s ao tem a a m p lo - a p o lític a -, no en tan to , a s m e sm as in te rp õ e m -se de fo rm a e q u iv o c a d a e, m a is que isso, frag m en tad a, n ão co n stitu in d o ela b o ra ç ão av aliativ a, d ec o rre n te de e fetiv a an á lise da situ a ç ã o e d o s e le m e n to s n e la im p lic ad o s. C o n fo rm e m en cio n ad o , escrev er, n a p e rsp e c tiv a da A D , c o n siste em re c o lh e r e n u n c ia d o s na re d e do já -d ito e o rg a n iz á -lo s a p artir de u m a assu n ç ã o q ue re sp o n d e à id e n tific a ç ão co m a lg u n s sa b e re s em d e trim en to de o utros, b em com o co rre sp o n d e a u m a c o n stru ção lin g ü ístic o te x tu a l q ue p o d e ser m a rc a d a p o r g e sto s de sin g u larid ad e, a p a rtir de c o n stru ç õ e s sin tá tic a s e de “e s c o lh a s ” sem ân tica s.

N o esfo rço d o s alu n o s, recém referid o , co n sta ta -se o re c o lh im e n to de d ize res d isp erso s n a ca d e ia in te rd iscu rsiv a, lin e a riz a d o s a p a rtir da a u sê n c ia d a in scrição d o s su je ito s em u m a o rd em d o s sen tid o s. P arece resp o n d er, esse g esto , à n e c e ssid a d e de d ize r algo, n ã o im p o rtan d o

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m u ito o quê. E sse p o n to de e sv aziam en to le v a -n o s a le v a n ta r a h ip ó te se de q ue ta lv e z o m o d o com o a leitu ra, n a c o n te m p o ra n e id ad e , e stá se co n stitu in d o p o ssa e sta r co n fig u ra n d o -se co m o fato r q ue tem ag ra v a d o a d ific u ld a d e de os estu d a n te s c o n ferirem efeito de u n id a d e a se u s escritos.

O s re su lta d o s da en q u ete ev id e n c ia m a p re d o m in â n c ia de u so em su p o rte s/e sp a ç o s re la c io n a d o s à co m u n ic a ç ão in stan tân ea, ao co n tato co m a m ig o s re a is e/o u v irtu a is e ao laz er de m o d o g eral. A u tilização da in te rn e t com o fe rra m e n ta de le itu ra e de in v estig ação está em ú ltim o p la n o p a ra os jo v e n s , o que se co n fig u ra d ado sig n ificativ o . N ão é p reo c u p a ç ão de n o ssa p esq u isa q u e stio n a r e n em a v a lia r as fo rm a s de la ze r e de in teração p re sen tes no c ib eresp aço O que q u e stio n a m o s é a ra zão de essa se r a o p ção prio ritária, p ara esse g ru p o de jo v e n s , em d e trim e n to d a am p lid ã o de p o ssib ilid a d e s q ue esse esp aç o ofere ce em te rm o s de leitu ra e c o n h e cim en to . T ra ta -se de to d o u m p o te n c ia l d esp e rd iça d o , p orque, se as p rá tic a s de leitu ras tra d ic io n a is, as d a le itu ra im p ressa, fo ssem m a n tid as, a q u estão n ão se ria tão p ro b lem ática, po is os jo v e n s estariam co n stitu in d o n o v as fo rm a s de la z e r/c o m u n ica ç ã o e a in d a lendo. M as sa b e m o s q ue o te m p o de n a v e g a ç ão q ue n ão v o lta d o p a ra a leitu ra to m a o esp aço que, em tese, p o d e ria ser, tam b ém , d a le itu ra tra d icio n al.

D ia n te do q u ad ro co n statad o , e do fato de q ue os te x to s d em o n stra m , em su a g ran d e m aio ria, qu e os a lu n o s n ão têm u m a a rg u m e n ta ç ão c o n siste n te e n e m co n h e c im e n to satisfa tó rio d a n o rm a culta, so m o s lev ad as a fo rm u la r o u tra s q u estõ es: a) qual(is) a(s) razão (õ es) d e ssa fa lta de co n h e c im e n to ? b) Q ual(is) fator(es) lev am os a lu n o s a a p re se n ta r u m co n h e c im e n to fo rte m e n te fra g m e n ta d o cap az de p re ju d ic a r a c o n sistê n c ia d a te x tu a liz a ç ão ? c) A q u em a trib u ir a re sp o n sa b ilid a d e d isso ? Q u al se ria a re sp o n sa b ilid a d e d a E sc o la em re la ç ã o a e ssa d e sin fo rm ação do alu n o ? D a n ã o -le itu ra de m u n d o ? D o d e sc o n h e c im e n to das q u estõ e s p o líticas, da g e o g ra fia e da h istó ria ? d) E m qu e m e d id a a e sco la está im p le m e n ta n d o a ç õ e s p a ra que os a lu n o s se c o n stitu am -se efe tiv a m e n te le trad o s no âm b ito d ig ital? e) O que nós, p ro fe sso res, p o d e ría m o s fa z e r d ian te de situ a ç õ e s com o essa?

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N o sso in tere sse n ão é o de fo rn e c e r so lu ç õ e s p o n tu a is p ara tais q u estõ e s. O q ue esta m o s p ro p o n d o é p e n sar a leitu ra e a escritu ra co m o p ro c e sso s distin to s, m a s de p ro p o r p ráticas e streitam en te re la c io n a d a s en tre a s m esm as. A o p ro fesso r, n a fu n ção -m e d iad o r, cab eria, então, a ta re fa de c o lo c a r o alu n o d ian te de u m a d iv ersid ad e de te x to s e de p o n to s de v is ta p ara q ue ele, no p ro cesso de leitura, co n se g u isse e sta b e le c er ru p tu ra s ou se d im e n ta r seu p o nto de v ista e, p o ste rio rm e n te , n a fu n ção -au to r, p u d esse p ro d u z ir u m tex to com efeito de u n id ad e, isto é, com início, p ro g ressão , n ã o -c o n tra d içã o e u m a co n clu são . D e a co rd o com O rla n d i (op. cit., p.69), essas c a ra c terístic as, a lia d a s à re sp o n sa b ilid a d e pelo tex to , são as n e c e ssá ria s p a ra p o d erm o s fa lar em efeito de autoria.

E no qu e ta n g e ao cib e re sp a ço co m o in stâ n c ia de leitu ra-escrita, em se u s d ife re n te s su p o rtes, ca b e ria a o s p ro fe sso re s o rie n ta r os a lu n o s p a ra q ue n esse p ro ce sso c o n sig am n a v e g a r/id e n tific a r em d ife ren tes s ítio s de se n tid o e, ao p ro c e d e rem à b u sc a de in fo rm açõ es, sejam ca p a z es de re c o n h e c e r a s d ife re n te s filiaçõ es n a te ia de d isp ersão , e sta b e le c en d o re la ç õ e s de alian ça, de d ife re n ç as e d iv e rg ê n c ia s e, por q ue não, de co n fro n to . É a p a rtir disso q ue esses a lu n o s p o d erão in sc re v e r-se em d ife re n te s lu g ares d isc u rsiv o s que os lev arão a a ssu m ir p o siçã o d ia n te dos fato s de u m a e não de o u tra m an eira.

O pro fesso r, n e sse pro cesso , seria, p o rtan to , re sp o n sá v e l pelo ac o m p a n h a m e n to do alu n o tan to no se n tid o de in fo rm a r so b re as p o ssib ilid a d e s q ue o c ib e resp aço p ro p o rcio n a, q u an to de e x p licitar a ele que, ao co n stitu ir sin g u la rid a d e em su a tex tu a liz a ç ão , estará p ro d u z in d o efeito de autoria.

P ara fin a liz a r a p re se n ta m o s u m a o u tra q u estão q ue n o s persegue: a v a lia r e p u b lic iz a r ao alu n o q ue seu tex to p ro d u z iu ou n ão esse efeito se ria fu n ção de q u em ? D o p ro fe sso r? S e sim , q ue im p lic a ç õ e s p o d erão a d v ir a p a rtir de tal p ro c e d im e n to ? E m ais: que in stru m e n ta is/c o n h e c im e n to s se fazem n e c e ssá rio s p a ra qu e o pro fe sso r, n e ssa n o v a ordem , d e c o rre n te d a era digital, c o n sig a e x erc er esse p a p e l de m e d ia d o r en tre o alu n o e a m u ltip lic id a d e de in fo rm a ç õ e s d isp ersas no cib e re sp a ço ? O u se rá que ele tam b ém n ão se ria u m su je ito ca ren te de le tra m e n to n e ssa esfera.

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